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O inverno chegou – Confira 5 cuidados essenciais com o sistema de partida a frio de seu carro

Motoristas com idade superior a 35 anos, e/ou entusiastas de carros antigos, certamente  se lembram dos motores carburados a álcool, os quais conquistaram proeminência entre o final dos anos 70 e início dos 90.

Entretanto, a dificuldade de fazer o veículo funcionar nas manhãs e noites geladas – com o uso do afogador e muita persistência por parte do condutor – povoa as más memórias de toda uma geração. Com o autor deste artigo não foi diferente.

Que motorista desta geração nunca chegou atrasado ao trabalho e disse ao chefe que a delonga se deu porque “hoje está frio, meu carro é a álcool e demorou para pegar”?

Me recordo da VW Parati ano 1988 que meu pai tinha, com motor 1.6 a álcool. No inverno, era meu dever acordar meia hora mais cedo apenas para “esquentar” o motor, tamanha a dificuldade da tarefa. Esta tarefa era fundamental para chegarmos em nossos compromissos no horário.

Após a chegada na fase quente, a perua andava bem, muito melhor que muitos modelos mais recentes. O problema acontecia no processo até o pleno funcionamento, muito trabalhoso e sujeito a falhas.

Com o advento da injeção eletrônica, o funcionamento dos motores sofreu grande aprimoramento, dado que a tarefa de partir o veículo no frio foi facilitada pelo próprio mapeamento do sistema e problemas como corrosão, poluição e desgaste prematuro de componentes foram sanados pelas novas tecnologias.

Mas será que nenhum cuidado é exigido?

A resposta é sim.

Os modelos mais antigos ainda possuem um reservatório de partida a frio, o qual deve ser abastecido com 1 a 2 litros de gasolina e carecem de cuidados para preservar seu bom funcionamento.

Por sua vez, uma tecnologia de partida a frio foi “importada” da mecânica a diesel: as resistências de pré-aquecimento do combustível. Na aplicação aos motores de ciclo Otto, ela se adaptou muito bem e dispensa o “tanquinho” de gasolina e já equipa a quase totalidade dos modelos mais recentes. Mesmo assim, este sistema pede alguns cuidados para não deixar o motorista na mão.

MOTORES SEM RESERVATÓRIO DE PARTIDA A FRIO

A tecnologia para os veículos a álcool e bicombustíveis avançou consideravelmente nos últimos dez anos. A inovação mais notável está nos sistemas que dispensam o reservatório de partida a frio, já mencionado no parágrafo acima.

O combustível é pré-aquecido por uma resistência, facilitando a queima nos primeiros momentos de funcionamento. Seu acionamento ocorre no momento no qual o veículo tem suas portas destravadas pelo controle remoto.

Em modelos com sistema sem o reservatório, recomenda-se aguardar de 30 segundos a 2 minutos antes de dar a partida, a depender do modelo, condições climáticas e nível de tecnologia da motorização. Este é o tempo para o combustível leva para ser aquecido.

Seu acionamento correto fará o motor partir em cerca de dez segundos. Caso haja a tentativa de fazê-lo funcionar antes do decurso deste intervalo, com o combustível na linha ainda frio, o sistema elétrico pode sofrer sobrecarga devido ao maior tempo de ignição, o qual pode superar 40 segundos.

Os modelos lançados mais recentemente têm evoluído com rapidez neste aspecto. Todavia, os proprietários dos primeiros exemplares equipados com esta tecnologia devem ficar atentos.

 1 – A qualidade do combustível é muito importante

Explicar sobre a qualidade do combustível é desnecessário a esta altura. Porém, boa parte das dificuldades e problemas na partida a frio ocorrem por conta deste artigo tão fundamental para o bom funcionamento do motor.

Em versões sem reservatório de gasolina, o etanol fora das especificações atrapalha muito a partida, pois o componente mais utilizado para sua adulteração é a água. O líquido mais abundante da natureza não possui poder calorífico algum e prejudica o funcionamento de qualquer unidade de força.

Combustível adulterado compromete todo o sistema de partida a frio no longo prazo, seja etanol ou gasolina. Assim, problemas na ignição em dias frios denunciam a má qualidade do combustível.

MOTORES COM RESERVATÓRIO DE PARTIDA A FRIO

O principal objetivo do sistema de partida a frio consiste em fazer o motor funcionar a qualquer momento sem falhas. Como todo componente de um automóvel, ele demanda ações de manutenção e operação para cumprir sua missão corretamente.

As boas práticas abaixo contribuem para o bom funcionamento do propulsor, o aumento de sua vida útil e economia financeira. Além de evitar o óbvio aborrecimento de chegar tarde aos compromissos “porque o carro não pegou / demorou para pegar”.

2 – Abasteça-o somente com gasolina aditivada

Nos veículos com reservatório de partida a frio, este deve estar sempre abastecido com gasolina aditivada, que tem validade de um ano. Os aditivos aumentam a validade de quatro meses para um ano, impedindo que o combustível estrague durante o verão e comprometa o funcionamento do sistema.

3 – Deixar o reservatório sempre abastecido

A ausência de gasolina prejudica a bomba de combustível, causando sua parada. Ela sempre deve estar mergulhada no fluido para manter-se em correto funcionamento. Outro efeito colateral é a sobrecarga do sistema de ignição, como no primeiro caso, ocasionado pelo maior esforço na partida a frio apenas com etanol, de menor poder calorífico.

4 – Mantenha o giro baixo nos primeiros minutos

Na fase fria, a qual se inicia na ignição e termina quando a temperatura de trabalho do motor é atingida, seu funcionamento fica mais sensível, pois a lubrificação ainda não se deu por completo.

A chance de ocorrência de danos nos primeiros minutos de funcionamento aumenta nos primeiros minutos.

Recomenda-se não variar muito os regimes do motor enquanto este estiver frio, evitando arrancadas bruscas e altas rotações. Acelerar o motor para tentar aquecê-lo mais rápido não se mostra apenas ineficaz, mas também pode reduzir sua vida útil. A observação destas medidas trará ganhos na durabilidade e redução do custo de manutenção e consumo de combustível.

5 – Não force a ignição

O motorista não deve segurar a chave por mais de 20 segundos até a partida, com o objetivo de preservar o sistema de ignição. Caso esta não tenha sucesso, deve-se esperar trinta segundos antes de nova tentativa. Este cuidado evita a sobrecarga do sistema elétrico, assim como a bateria “arriar”.

Os veículos mais modernos, os quais ainda utilizam o sistema de partida a frio com reservatório, partem com maior facilidade na maioria das situações e apresentam problemas somente em casos extremos, tais como a inobservância de todos os cuidados acima em temperaturas próximas a zero grau Celsius.

Se a alimentação do propulsor do seu automóvel é feita por injeção eletrônica,    tentar fazer o carro “pegar no tranco” não é recomendado, pois pode causar sérios danos ao sistema de injeção.

Confira mais cuidados com o sistema elétrico neste link

6 – Mantenha o motor de partida e bateria em dia

Um dos motivos que prejudicam a partida a frio em baixas temperaturas consiste no mau estado de conservação dos componentes do sistema elétrico. Mais notadamente a bateria e o motor de partida.

Uma bateria em final de vida útil não tem capacidade de gerar tensão e corrente adequadas para partir o veículo com facilidade. Se as demais recomendações não foram seguidas, a ignição pode ficar totalmente inviável se não houver gasolina no reservatório ou esta estiver “estragada”.

O motor de partida, por sua vez, pode ter suas escovas desgastadas ou algum outro problema mecânico que gera sobrecarga no restante do sistema elétrico. Poucos motoristas se lembram de sua manutenção, e o fazem somente de maneira corretiva – após a quebra.

CONCLUSÃO

A tecnologia dos veículos bicombustíveis e a álcool evoluiu muito, e hoje não há diferenças significativas entre estes e os movidos a gasolina em funcionamento e durabilidade. Nos propulsores mais recentes, o hábito de abastecer o “tanquinho de gasolina” foi abolido há alguns anos.

Em um passado não tão distante, o uso de etanol em temperaturas inferiores a 5°C se mostrava inviável, fato que hoje se mostra praticamente resolvido para os modelos voltados ao mercado brasileiro e o consumidor pode utilizar o combustível de sua preferência em qualquer lugar.

Tomando as precauções necessárias, o motorista terá grande economia de recursos financeiros sem qualquer mudança em sua rotina com essa tecnologia genuinamente nacional.

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1 Comentário »

  1. Muito Boa a matéria!
    Quando abasteço com 100% de etanol, percebo diferenças na partida a frio do motor, até na parte da lubrificação.
    Sempre devemos manter o reservatório da partida a frio, para evitarmos danos a bomba, ao sistema e a ignição.

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