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Chevrolet Brasil: motores Família I e as viúvas da Opel

 

A General Motors ruma para fechar 2016 como líder absoluta de vendas no Brasil. A estratégia da montadora nos últimos anos tem focado em produtos específicos para mercados emergentes, abandonando a antiga política de trazer os projetos da sua filial alemã, a Opel.

Apesar do sucesso da estratégia, muitos consumidores – especialmente os autoentusiastas – torcem o nariz para os modelos atuais e sentem saudades dos modelos alinhados com a Europa. Ganharam o apelido jocoso de viúvas da Opel.

As imagens comparativas entre os modelos comercializados por aqui e no Velho Mundo provam que eles têm bons motivos para sentir saudade, apesar de a linha nacional possuir carros bacanas como o Cruze. Confira as linhas Opel e Chevrolet Brasil na galeria abaixo:

 

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Na contramão dos concorrentes, os quais pregam que o produto global e uniforme em todos os mercados consiste na melhor solução de fortalecimento da identidade da marca e redução de custos, a Chevrolet optou pelos produtos locais e concebidos ao gosto do brasileiro.

Tal estratégia resultou na liderança de vendas totais, derrotando a antiga líder de vendas por 13 anos, a italiana Fiat. O modelo mais emplacado, o Chevrolet Onix, desbancou a liderança de 27 anos do VW Gol. A Hyundai seguiu o mesmo caminho e também obteve grande sucesso, se tornando a vice-líder em unidades e fazendo do seu carro-chefe, o HB20, o principal rival do modelo da GM.

Outros fabricantes tentaram introduzir o produto global sem sucesso, como foi o caso da Ford ao tentar emplacar o New Fiesta por aqui. Reconhecendo o erro, lançaram o novo Ka, modelo voltado para mercados emergentes, o qual se encontra na terceira posição de nosso ranking, completando o pódio de GM Onix/Hyundai HB20/Ford Ka.

A Volkswagen não obteve sucesso com o up!, produto global e alinhado com o mercado europeu, a despeito das inúmeras modificações sofridas para “abrasileirar” o projeto e dos motores sobrealimentados e supereficientes. Os modelos da linha premium também possuem nível tecnológico acima da média, mas sucumbem à dupla Honda Civic/Toyota Corolla, aos SUV´s japoneses e coreanos e às marcas de luxo.

Resultado: apesar de toda a modernidade, a marca que outrora deteve sozinha mais de 80% de nosso mercado amarga uma oitava posição no ranking de vendas em 2016.

A Chevrolet – e a Hyundai – seguiu o caminho oposto com seus modelos para mercados emergentes, feitos ao gosto do brasileiro. Design caprichado, equipamentos de conectividade, mecânica simples e manutenção barata deram o tom e fizeram delas líder e vice-líder, ignorando a choradeira dos entusiastas da Opel.

Uma crítica recorrente à GM consiste nos motores Família I e II, os quais estrearam na linha Monza em 1982 e ainda equipam os modelos atuais. Curiosamente, os executivos da marca atribuem o “motor do Monza” como uma das causas do sucesso de vendas devido à sua simplicidade mecânica e manutenção fácil e barata, com ampla disponibilidade de peças.

As viúvas da Opel sempre cobraram o fabricante local para trazer os motores modernos vendidos em mercados desenvolvidos para abandonar os Família I e II, o que ocorreu a partir de 2012 com os Ecotec 1.8 16V dos modelos Cruze e Tracker e atualizados em 2016 com os 1.4 turbo. Apesar de se tratarem de ótimos carros, nunca se destacaram em seus segmentos. Ao contrário da linha Onix, Prisma, Spin e Cobalt com o bom e velho “motor do Monza”.


Certa feita, um executivo da GM deu palestra em uma conhecida faculdade de engenharia do ABC paulista, cheia de gearheads os quais aspiram atuar na indústria automotiva.

Foi indagado sobre a modernização dos motores. Ao que ele respondeu: “o custo de desenvolvimento de uma nova linha de propulsores é o mesmo de um novo modelo. O consumidor valoriza muito mais um novo design do que um novo motor, por isso mantemos os atuais”.

Quando questionado sobre o abandono da linha Opel e o investimento em modelos locais, ele foi incisivo: “Os modelos da Opel são caros de fabricar e custariam caro para o consumidor comprar e manter. Seria um desastre nas vendas. Por isso focamos em algo ao gosto do brasileiro”.

E sobre as críticas das viúvas da Opel, ele rebateu: “Montadora serve para ganhar dinheiro e fazer carros para os consumidores comuns, não para meia dúzia de puristas. Eles que se mudem para a Europa.”. Todos riram.

De fato, é uma pena não termos os belíssimos modelos europeus à disposição, mas é inegável que a estratégia da GM brasileira foi correta.

Conheça a linha Opel/Vauxhall 2017

Conheça mais nos sites da Opel Alemanha e Vauxhall inglesa.

1 Comentário »

    • Brasileiro diz que valoriza equipamentos de segurança e projetos modernos, mas, na vida prática, o que pesa mesmo são os equipamentos de conforto e estética e o baixo custo de manutenção.

      Os números de vendas não mentem. A Volkswagen baseou sua linha em projetos globais e motores TSI, ao passo que a GM optou pela via dos projetos locais e a manutenção do “bom e velho” Família I.

      Resultado: a GM assumiu a liderança isolada e a VW luta para manter a terceira posição. Esse é o gosto real do brasileiro, em oposição ao discurso.

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  1. nao e q brasileiro gosta de carros simples ,mas sim de um carro de acordo com a realidade financeiras dos mesmos afinal carro aqui e caro de comprar e na manuntençao tambem for caro ferrou

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