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Por que pneus de aro maior duram mais?

por que pneus maiores duram mais? rodas maiores

Poucos anos atrás, a esmagadora maioria dos carros vendidos no Brasil eram equipados com rodas pequenas, raramente maiores que 14 polegadas. Mesmo modelos caros como Chevrolet Monza ou Volkswagen Santana tiveram versões com medidas de 13″, como nos modelos de entrada. Conjuntos com aros de 15″ ou maiores eram exclusividade de modelos de luxo.

Um dos efeitos colaterais positivos consiste na maior durabilidade do conjunto. A explicação óbvia e imediata consiste no fato de o pneu maior precisar girar menos vezes para percorrer a mesma distância em relação a outro de aro menor.

Apesar de correta, existem diversos fatores mais importantes para compreender com profundidade sobre a durabilidade dos pneus além desta explicação nas linhas abaixo.

Com a evolução da indústria, os departamentos de estilo dos fabricantes constataram que rodas maiores tornam o design mais atraente, por meio de exaustivas pesquisas de mercado. Assim, os conjuntos roda/pneu exibem dimensões cada vez maiores, conforme os modelos trocam de geração.

O novo Chevrolet Cruze é calçado com aro 17″, enquanto seu antepassado Monza andava sobre pneus de 13″. Em modelos de entrada, o Volkswagen up! recebeu aros 15″, ante os 13″ da esmagadora maioria dos compactos de um passado próximo. Entre os SUV´s e automóveis de alto luxo, já há oferta de rodas aro 22″ ou até 23″.

Até agora, tratamos das rodas para atingir o verdadeiro tema deste artigo: os pneus. Estes importantíssimos componentes de borracha são o único ponto de contato do automóvel com o piso, consistindo no principal item de segurança ativa de qualquer veículo. Assim, sua durabilidade e conservação se mostram totalmente dependentes de suas dimensões.

Diferentemente do senso comum, não é a medida do aro da roda o fator fundamental para a mudança de desempenho do veículo, mas sim o diâmetro externo do pneu.

A página Educação Automotiva já tratou do tema nos posts Colocar rodas maiores no carro aumenta o desempenho? e Por que é tão importante cuidar bem dos pneus.

Para descobrir o diâmetro externo do pneu, saber o seu perfil se mostra necessário, pois o mesmo aro pode receber modelos de perfil mais alto (“mais grossos”) ou mais baixo (“mais finos”), como mostra a figura abaixo.

pneus de perfil alto e baixo aro da roda

Na leitura das medidas do pneu, o primeiro número é a largura da banda (195 e 205); o segundo a altura do perfil (65, 55 e 50); e o terceiro o aro da roda (14, 15 e 16). As medidas do aro da roda estão em polegadas, a largura e perfil seguem a padronização ABNT e não se relacionam com dimensões em milímetros ou outra unidade.

Repare que o diâmetro externo do pneu permanece o mesmo, ao passo que seu perfil se torna cada vez mais baixo, com o objetivo de preservar as características de desempenho e consumo de projeto preservadas. O conjunto aro 14″ está calçado com pneu de perfil mais alto (65) e este vai sendo reduzido conforme aumenta o aro da roda. O aro 15″ recebe pneus de perfil 55 e a de 16 polegadas recebe a altura 50.

Neste caso, a durabilidade dos pneus não sofre influência de suas dimensões, posto que o diâmetro externo se mantém.

Claro que o diâmetro externo do pneu aumenta na maior parte dos veículos conforme as gerações se sucedem. Supondo que o condutor dirija de forma cuidadosa e evite danos causados por buracos, valetas, choques contra o meio-fio, não provoque deslizamento ou arrastamento constantemente em ambos. Vamos supor que ambos rodem em pisos de igual estado de conservação.

Mantendo o uso normal, um modelo de aro 13 polegadas dura cerca de 50 mil quilômetros nessas, ao passo que outros de 17 polegadas chegam facilmente aos 70 mil rodados. Há registros de motoristas cuidadosos que atingiram a marca de 100 mil quilômetros com o jogo original de fábrica, ao passo que dificilmente passariam de 55 mil com o modelo de 13 polegadas.

Quais são os outros fatores que influenciam a durabilidade do pneu?

1 – Índice de carga – pneus de medidas pequenas costumam ter aplicação em modelos compactos e de baixa potência, de uso predominantemente urbano e com baixa capacidade de carga. Por isso, recebem pneus feitos de compostos menos elaborados, mais baratos e suficientes para atender a proposta do veículo. Modelos de entrada recebem compostos com índice de carga de 280 quilos por pneu, número que sobre para 340 ou 365 quilos em SUV´s compactos.

Como os modelos mais sofisticados são equipados com pneus maiores e carregam mais carga, precisam de compostos mais elaborados, o que aumenta sua vida útil em comparação com as medidas 13″ e 14″.

2 – Índice de velocidade – pelo mesmo motivo do item acima, modelos com tamanhos menores atingem menor velocidade final, exigindo compostos com menor tecnologia agregada. Enquanto modelos populares recebem pneus para velocidades até 180 km/h, sedãs médios são calçados com outros projetados para suportar até 270 km/h e modelos de luxo com outros para até 320 km/h.

Pelo mesmo motivo do fator de carga, modelos que atingem velocidades maiores necessitam de pneus mais elaborados, e o aumento da vida útil é colateral com o maior índice de velocidade, favorecendo as medidas maiores.

Confira no site da Michelin os índices de carga e velocidade

3 – Tipo de veículo no qual são calçados – automóveis são projetados para rodar predominantemente em vias asfaltadas, ao passo que utilitários rodam por terrenos acidentados e não-pavimentados. Por isso, estes últimos utilizam perfis mais altos para o mesmo aro, resultando em diâmetros externos maiores, o que favoreceria a durabilidade, em tese. Na prática, o fora-de-estrada exige compostos mais macios para apresentar desempenho satisfatório nesta condição, reduzindo a durabilidade.

Soma-se a isso o fato de automóveis serem mais leves que SUV´s, priorizando rodar em velocidades maiores. Picapes e utilitários esportivos possuem maior capacidade de carga e seu foco está em transpor terrenos difíceis e/ou transportar grandes cargas, outro fator que reduz a vida útil dos pneus.

Assim, não faz sentido comparar a durabilidade de pneus de automóveis com utilitários, com desvantagem para os últimos.

4 – Composto duro ou mole – buscando um equilíbrio entre conforto, aderência e durabilidade, os fabricantes de pneus podem fazer compostos de borracha mais dura ou mais mole.

A opção pelos mais macios favorece o conforto a bordo e a dirigibilidade e segurança na chuva, com prejuízo à durabilidade e economia de combustível. Compostos mais duros fazem o contrário: entregam maior vida útil e economia pagando com ruído interno e menos aderência.

Pergunte ao vendedor de pneus ou pesquise no site do fabricante qual é o tipo de acerto daquela linha de pneus. Via de regra, as marcas possuem diversas linhas de cada medida e aplicação com focos diferentes. Você deve escolher o que melhor atende suas necessidades. Na dúvida, coloque modelos idênticos aos originais de fábrica.

5 – Possui elemento de redução de atrito – Atualmente, os fabricantes de pneus e veículos têm investido nos chamados “pneus verdes”, cujo principal objetivo consiste em economizar combustível e reduzir a emissão de poluentes. Para isso, sua composição inclui elementos de redução de atrito com o solo.

Como os “pneus verdes” visam a preservar o meio ambiente, os engenheiros também buscam aumentar sua vida útil. Para executar a proposta, costumam utilizar compostos bastante duros e bandas de rodagem menores, resultando em menos conforto a bordo e sensível piora na estabilidade.

A compensação reside na economia de combustível, vida útil um pouco maior e redução na emissão de poluentes.

Vale lembrar que as medidas maiores custam muito mais caro que as convencionais, assim como séries “verdes” ou “de alta performance” também cobram seu adicional no preço. Deve-se segregar os pneus para automóveis e para utilitários, pois os últimos possuem mais tecnologia agregada e cobram por isso.

Para exemplificar: pneus de aro 13″ ou 14″ custam entre R$ 130 e R$ 200 a unidade, ao passo que medidas de 17″ ou maiores nunca saem por menos de R$ 450 e podem ultrapassar os R$ 2 mil em importados de alto luxo. Para utilitários compactos como Jeep Renegade ou Ford EcoSport, o valor unitário gira em torno de R$ 350, assim como ultrapassa os R$ 2,5 mil em utilitários da Land Rover ou BMW. O preço médio para SUV´s como Honda CR-V ou Mitsubishi Pajero Dakar gira em torno de R$ 750 cada um.

Assim, conclui-se que o proprietário de um modelo calçado com rodas de 17″ ou de um SUV gastará de R$ 2 mil a R$ 3 mil reais em cada jogo, ante R$ 500 a R$ 800 em um modelo “popular”. Mesmo com a maior durabilidade, o motorista de modelos com pneus grandes e sofisticados deve preparar o bolso.

Concluímos, portanto, que pneus de medidas grandes duram mais por características de projeto, fabricados com compostos mais elaborados e modernos. Apesar de correta a explicação do menor número de voltas para percorrer a mesma distância, não podemos nos limitar a conclusões superficiais e tomar a parte pelo todo.

13 Comments »

  1. Boa tarde Pedro.
    Obrigada pelas relevantes informações que nos tem passado. Estou fechando a compra de um Fiat Argo 1.3 e estou com uma dúvida: será que vale a pena pagar pela roda de liga leve aro 15 e pneus 185/60 ao invés de manter a de série que é aro 14 e pneus 175/65? O carro é mais para uso urbano. Gostaria que ele mantivesse um bom desempenho, porém com mais estabilidade e conforto. O que vc me aconselha?

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    • Boa tarde Sueli. Caso o valor do upgrade para o aro 15 não seja muito excessivo, recomendo fazer.

      No seu caso, melhora conforto e estabilidade, não altera significativa o consumo, o preço dos pneus não sobe tanto para reposição e o carro com aro 15 fica mais valorizado no mercado de usados.

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  2. Amigo, tenho um Peugeot 308 que possui o pneu 225/45R17, e estou querendo realizar a troca para o 225/ 50 R17.
    Aumentando apenas o perfil visando um maior conforto. Isso afetará bastante o carro? Conseguirei o que procuro, que é mais conforto? Obrigado

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    • Olá Vinicius.

      O aumento do perfil de 45 para 50 trará alterações no desempenho, devido ao aumento do diâmetro externo do pneu. O carro pode ficar um pouco mais lento e consumir mais combustível.

      Essa mudança não melhora o conforto, posto que o perfil 50 ainda é muito baixo. Para melhorar o conforto, o ideal seria de 55 ou mais alto.

      Para melhorar o conforto, a melhor opção é reduzir o aro para 16″ e manter o diâmetro externo conforme a tabela de conversão de medidas.

      Obrigado pelo contato

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  3. Amigo boa noite, estou trocando novamente os pneus da minha doblo EX 2004, carro de 7 lugares que roda quase que exclusivamente em estradas, notei um gasto mais acentuado nos pneus que sao usados n a dianteira, a medida original é 175/70r14, você poderia me indicar uma medida e pneus que ficassem duráveis e economicos neste carro?
    Obrigado

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    • Olá Ricardo

      Se a sua prioridade está na durabilidade e economia de pneus, manter a medida original é a melhor opção. Maior uso de pneus ao rodar em estradas é normal, dado que a carga e velocidade são os fatores que mais aumentam o desgaste.

      Pneus de borracha mais dura atenderão seus objetivos de maior durabilidade e economia. Peça para o revendedor/instalador uma marca que tenha essa característica, ele certamente saberá informar. Se puder pagar um pouco mais, os chamados “pneus verdes” são os mais recomendados no seu caso, pois a economia de combustível e maior vida útil são suas vantagens.

      Obrigado pelo contato

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  4. excelente materia , muito boa mesmo, sabe informar se os pneus para carga como o da kombi 185 r14 C duram mais que os normais de mesma medida 185 65 14 sendo da mesma marca?

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  5. Bom dia Pedro excelente matéria, tenho um sandero stepway 13/14 no momento uso pneu 205/55r16 estou querendo melhorar o consumo alterando o tamanho do pneu para 185/65r15 vai melhorar alguma coisa e também acho a direção dele um pouco pesada sei que terei um custo com roda(ferro) e pneu ou vc acha que devo mudar para 195/55r16 ?

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