Aluguel de carro por um ano: será que compensa?
Aluguel de carro por um ano: será que compensa?
Um novo serviço passou a ser oferecido no mercado recentemente: o aluguel de carro pelo período de uma ano. Se trata de uma modalidade diferente do leasing, pois nele também estão inclusos os custos de seguro, impostos e manutenção, cabendo ao locatário apenas a tarefa de levar o veículo para a execução dos serviços. Os únicos custos adicionais são combustível, estacionamento, pedágio e multas, quando necessário.
Sua vantagem reside em poupar o proprietário de pesquisar preços de seguro, revisões, cuidar de emplacamento e pagamento de IPVA, pois tudo é feito pela locadora. Não precisar vender o automóvel no mercado de usados, ou entregá-lo em uma concessionária por valor muito inferior à tabela. Como nas locadoras tradicionais, basta devolvê-lo à locadora no final do contrato. Do ponto de vista da praticidade e conveniência, o serviço se mostra superior aos anteriormente disponíveis. Mas será que o custo compensa?
Por ora, o serviço tem maior popularidade entre veículos médios e de luxo, e os principais clientes são empresas as quais alugam para seus executivos. Para um veículo novo, com preço de R$ 70 mil, os preços praticados giram entre R$ 1,8 mil e R$ 2,5 mil mensais, mais taxas e encargos, totalizando de R$ 21,6 mil a R$ 30 mil anuais. Parece caro? Vamos fazer as contas:
No primeiro ano, o pagamento de tributos consome cerca de R$ 4 mil, o seguro, cotado a 5% do valor do veículo, custaria R$ 3,5 mil, as revisões geram uma despesa de cerca de R$ 1,5 mil, supondo que o motorista rode 20 mil quilômetros. Outras despesas, como lavagens e pequenos reparos custam mais R$ 1 mil. Deve-se considerar também a depreciação do veículo, de cerca de 20%, perfazendo mais R$ 14 mil. Para fechar a conta: no primeiro ano, o total despendido totaliza R$ 24 mil, deixando o saldo positivo em R$ 2,8 mil, na melhor cotação. Sem contar na praticidade do serviço.
No segundo e terceiro anos, o aluguel costuma ter seu valor reduzido em cerca de 20%, para R$ 1,4 mil a R$ 1,8 mil, totalizando de R$ 16,8 mil a R$ 21,8 mil. Os desencaixes contributos declinam para R$ 3 mil anuais, a depreciação fica em cerca de 10% a cada ano, resultando em menos R$ 7 mil anuais. O preço do seguro se mantém constante, R$ 3,5 mil anuais. Por outro lado, as despesas com manutenção aumentam bastante até os 60 mil quilômetros rodados, pois itens de desgaste como discos e pastilhas de freio, pneus, velas e bateria se mostram necessárias para a boa conservação do veículo. Faz-se o cálculo de R$ 3 mil no segundo ano e R$ 4 mil no terceiro. Finalmente, soma-se as outras despesas, de R$ 1 mil anuais.
Para fechar os cálculos: no segundo ano, o aluguel custa R$ 16,8 mil e os custos totais ficam em R$ 17,5 mil. Saldo positivo. No terceiro período, mantendo se o preço de locação em R$ 16,8 mil, verifica-se que os custos totais perfazem R$ 18,5 mil, também poupando o bolso do locatário.
Nos demais anos, os gastos com impostos declinam para cerca de R$ 2 mil anuais e a depreciação fica em 5% ao ano, totalizando R$ 3,5 mil. Como a maioria dos veículos possuem garantia de 3 anos, não há mais despesas com revisão, apenas com manutenção, totalizando cerca de R$ 3 mil anuais. Outras despesas somam mais R$ 1 mil. O aluguel costuma se manter estável em cerca de R$ 1,4 mil a R$ 1,5 mil, gerando despesas de R$ 16,8 mil anuais, ante custos de R$ 13 mil. Do quarto ano em diante, o aluguel deixa de ser vantajoso.
Caso o motorista goste do sistema, o mais indicado é devolver o veículo ao final do terceiro ano e alugar um zero quilômetro.
Feitas as contas chegamos ao veredito: alugar um carro por um ano compensa? Não para todos os perfis.
Os motoristas que preferem comprar carros zero quilômetro todo ano ou trocá-los dentro do prazo de garantia, de três anos em média, podem se beneficiar financeiramente desta modalidade, sem levar em conta os benefícios de evitar a burocracia da compra e venda constante dos automóveis. Aqueles apelidados de “novidadeiros” também têm a ganhar com ele.
Para quem prefere adquirir veículos seminovos ou permanecer muitos anos com o mesmo automóvel, esta alternativa não se mostra vantajosa, especialmente do quarto ano em diante. Muitos proprietários optam por não seguir o plano de manutenção recomendado. Outros não abrem mão de “ter o carro no seu nome” também não se adaptam.
Assim, conclui-se que o aluguel de veículo por um ano se mostra uma inovação muito interessante, mas não é vantajoso para todos os perfis de motoristas. Fazer as contas é fundamental e negociar os valores de aluguel é fator indispensável antes de assinar o contrato.