Compra da Opel pela PSA: isso é bom ou ruim para o consumidor brasileiro?
A venda das marcas Opel e Vauxhall – os braços alemão e britânico da General Motors, respectivamente – para o Grupo PSA, união das francesas Peugeot e Citroën, causou furor no mercado automotivo.
Fusões e aquisições entre gigantes do setor ocorrem de tempos em tempos, com cases de sucesso como a união de Volkswagen e Porsche – e outros não vingaram, como a fusão da Mercedes-Benz e Chrysler e a fatídica Autolatina, joint venture da Volkswagen e Ford para mercados latino-americanos, encerrada em 1996.
As perguntas que não querem calar são as seguintes: a venda da Opel/Vauxhall pela GM para o grupo PSA Peugeot Citroën vai dar certo? E para nós brasileiros, vai ser bom ou ruim?
Como todo negócio recém-fechado, a perspectiva é que ele seja bom para as duas partes. Caso contrário, não se concretizaria, por óbvio.A priori, a venda da Opel para a PSA parece alinhada à estratégia de ambas as empresas.
A General Motors afirmou que não enxerga potencial de crescimento no mercado europeu, com vendas e margens de lucro decrescentes somadas ao excesso de regulamentação e custos altos. Assim, o grupo americano decidiu focar nos mercados emergentes, especialmente China e Brasil, os quais possuem o quíntuplo de consumidores e grande perspectiva de crescimento, dada a baixa taxa de motorização e custos menores.
Conclui-se que a GM pretende abandonar um mercado maduro, de baixo crescimento e altos custos para pôr seu foco em mercados jovens e dinâmicos, fazendo sentido a venda das operações europeias do seu ponto de vista.
Do outro lado do balcão, o grupo Peugeot/Citroën possui operações concentradas no mercado do velho continente, especialmente na sua pátria-mãe, a França. Por outro lado, o histórico de baixa confiabilidade e problemas mecânicos e elétricos afugenta compradores de outros países, reduzindo a sua penetração em muitos lugares, incluindo o Brasil.
Na falta de motores confiáveis, o grupo PSA os compra de outros fabricantes, como é o caso do 1.6 THP de origem BMW e usado em todos os modelos de porte médio e grande das duas marcas. Com a compra da Opel, esta fraqueza se põe em vias de ser sanada, posto a fama de robustez dos veículos da GM alemã.
O emprego de motores Opel em toda a linha Peugeot e Citroën traria melhoras para a imagem das marcas, com a estimada redução dos problemas mecânicos, melhorando as vendas em seu principal mercado, a Europa, foco deste grupo de marcas. O belo design dos produtos franceses ficaria ainda mais atraente com conjuntos mecânicos alemães, o que justifica o negócio do ponto de vista da PSA para alavancar as vendas.
Em ambiente macro, a General Motors pretende se tornar uma montadora cada vez mais global ao apostar em mercados emergentes, ao passo que o Grupo Peugeot/Citroën prefere se focar em seu principal mercado, a Europa, melhorando o produto para esse público.
E PARA O CONSUMIDOR BRASILEIRO, QUAL É A PERSPECTIVA?
A princípio, a venda da Opel para a Peugeot/Citroën parece muito boa para o consumidor brasileiro, posto que ele conhece muito bem os produtos Opel, vendidos desde o início dos anos 80 até recentemente, quando houve mudança na estratégia da empresa, a qual passou a focar em produtos específicos para mercados emergentes em detrimento de produtos globais.
Na prática, isso levou à substituição dos modelos Opel/Vauxhall por modelos próprios para mercados emergentes, projetados no Brasil, como Agile, Onix, Spin, Montana ao invés de Corsa, Astra, Meriva, Zafira e outros produtos Opel, de origem alemão ou britânica. Muitos torceram o nariz para esta estratégia, os quais são chamados jocosamente de “viúvas da Opel” pelos executivos de São Caetano do Sul. O sucesso dos produtos locais consiste em fato inquestionável e levou a Chevrolet Brasil para o topo do ranking de vendas.
Saiba mais neste post: Chevrolet Brasil: motores Família I e as viúvas da Opel
Para os amantes dos produtos europeus, a venda da Opel para a PSA traz novas esperanças: a volta dos refinados modelos alemães por aqui, mesmo que por valores exorbitantes. Os entusiastas de modelos como Corsa, Astra, Vectra e Omega alimentam esperanças de dirigir um carro igualzinho ao alemão. Para os fãs do design originalidade e requinte franceses, há a expectativa de solução dos problemas de confiabilidade destes modelos ao implementar novas mecânicas.
Enfim, boas perspectivas para os brasileiros, se tudo se cumprir como consta nesse esperançoso artigo.
Naturalmente, ocorreriam alguns fatos curiosos, como o lançamento de um Peugeot Corsa ou uma Citroën Zafira, como brincam os gearheads na internet. O mais provável consiste no lançamento da marca Opel no Brasil para comercializar os modelos pelo Grupo PSA.
Causaria estranheza ver o mesmo modelo outrora vendido como Chevrolet com a marca Opel, concorrendo com os Chevrolet. Parece loucura imaginar a competição entre Opel Corsa (fabricado em Porto Real) com o Chevrolet Onix (fabricado em São José dos Campos, na qual o Corsa foi montado até 2012).
Outro fato curioso seriam Peugeot 208, 308 e 408 e Citroën C3, DS3, C4, DS4 e linha Picasso com motores Ecotec, unindo o melhor dos dois mundos.
A expectativa de retorno de modelos Opel como Astra, Meriva e Zafira animam muita gente, assim como modelos inéditos como o Adam (subcompacto, como o Fiat 500) ou Insignia (sedã grande do porte do Passat). Veja mais modelos da Opel no site opel.de.
Lá fora, o negócio da venda da Opel pela GM para a PSA parece apenas uma consolidação das estratégias de cada empresa. O Brasil tem grande potencial para ganhar mais que todos com a operação. Aguardemos.
Interessante.
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