Em 2014, foram vendidos 3,3 milhões de veículos zero quilômetro. Tais números são acompanhados de perto e amplamente divulgados. Tudo isso tem uma razão importante: a venda de carros novos é um termômetro importante do que está acontecendo em nossa economia, pois em tempos difíceis (como este), as vendas costumam despencar. E a posterior recuperação costuma ser precedida do reaquecimento do mercado.

O fato desconhecido da maioria dos consumidores se encontra no mercado de seminovos e usados. Foram vendidos 6,2 milhões de veículos de segunda mão em 2014, quase o dobro do número de negócios com os novos.

A razão desse fenômeno é bem simples: muitas pessoas trocam seus veículos usados por outro zero quilômetro e precisa passar para frente o atual, gerando uma venda de usado. Por sua vez, o comprador desse veículo geralmente possui outro carro, que também será vendido para a aquisição do seminovo. Consequentemente, a venda de um veículo novo gera a venda de dois usados.

Outro fator que contribui para o aumento do mercado de usados estão nos consumidores que adquirem o primeiro carro, que na maioria das vezes é usado. Existe outro perfil que compra apenas seminovos, visando a ter uma veículo mais completo a preço acessível, trocando o atual por um de ano mais recente. Esse público estimula a venda de carros de segunda mão.

O mercado de usados também é um termômetro da economia, assim como o de novos. Em caso de desaquecimento da demanda, ocorre o fenômeno da queda das vendas de veículos zero quilômetro acompanhada de um forte aumento dos usados, indicando que a população tem menos renda disponível para compra de veículo, não consegue obter financiamento ou acaba optando por um de menor valor, usado.

A dinâmica do mercado de carros novos é muito importante e deve ser complementada com os números dos usados, que deveriam ter mais atenção, pois vende o dobro de unidades.