Você sabia que a Renault não vende carros da Renault no Brasil?
Após a abertura das importações no início dos anos 90, muitas marcas se apressaram em entrar em nosso mercado, algumas com grande êxito. As marcas francesas agiram rápido e se encontraram entre as primeiras a lutar por seu lugar ao sol. Porém, outras não caíram no gosto locar e acabaram indo embora.
De todos os fabricantes recentes, a Renault foi a que obteve maior sucesso e se tornou a quinta maior montadora, atrás apenas das quatro grandes. Suas conterrâneas, Peugeot e Citroën, tiveram um início promissor, mas acabaram sucumbindo devido a problemas de confiabilidade mecânica, manutenção cara e mau atendimento nas autorizadas. Aí o leitor pergunta: o que a Renault fez para se destacar?

Clio vendido no Brasil, lançado em 2000.
A resposta é bizarra: a Renault cresceu no Brasil porque não vende carros da Renault. Vende carros da Dacia.
A Dacia é a subsidiária romena da Renault responsável pela engenharia de automóveis de baixo custo, com foco em mercados emergentes. Esta marca foi a montadora estatal do regime comunista romeno, equivalente à Lada na Rússia. Com a queda do regime, foi privatizada e vendida ao fabricante francês.
Ela é responsável pelos projetos do Logan, Sandero e Duster, veículos muito populares no Brasil, onde são comercializados com a marca Renault. Nos mercados europeus, são vendidos pela Dacia, a marca de baixo custo da Renault.

Dacia Sandero, o mesmo vendido como Renault em terras brasileiras.
O famoso apresentador Jeremy Clarkson, do programa britânico Top Gear, fez piada desta peculiaridade do mercado brasileiro, visto que a Renault apresenta posicionamento superior no mercado europeu, afirmando que o fabricante francês foi “rebaixado” por aqui.
Da linha Renault vendida no Brasil, há apenas uma exceção aos projetos feitos pela Dacia: o Fluence. O sedan médio também é oferecido na França, mas sua engenharia não nasceu na terra de Asterix. É obra dos coreanos da Samsung, os quais fizeram uma joint venture com a marca do losango. Então temos outra curiosidade: a Samsung fabrica carros, mas a marca é comercializada apenas na Coreia do Sul. No resto do mundo, incluindo o Brasil, o Fluence ganha o emblema da Renault. Mas o Fluence também não é um legítimo Renault.

O Fluence é um projeto feito pelos coreanos da Samsung em parceria com a Renault. Não é um legítimo francês.
Qual a razão desta decisão dos executivos da Renault do Brasil?
No início da operação brasileira, em 1999, os primeiros modelos lançados, Scénic e Clio, eram idênticos aos oferecidos na França, assim como os importados, como Mégane, Laguna, Twingo, Grand Scénic, entre outros.
Aparentemente, a linha antiga parecia mais sofisticada que a atual, mas os veículos padeciam do mesmo mal dos seus conterrâneos da Peugeot e Citroën: baixa confiabilidade (muitas quebras e panes), manutenção cara e alto custo de produção. Sem dúvida, aqueles automóveis se mostravam mais refinados que os de origem Dacia, mas não se adaptaram à realidade brasileira.
Os entusiastas dos modelos franceses torcem o nariz para esta decisão, mas observando pelo enfoque estritamente mercadológico, a decisão se mostrou acertada: a Renault se tornou a quinta montadora e seus veículos têm fama de robustos, enquanto as marcas da PSA entraram em colapso, perdendo 80% das vendas do início, e ganharam o estigma de “bomba” e “mico”.
Confira na galeria abaixo as imagens de alguns modelos da Renault francesa. Alguns entusiastas irão se lamentar por não termos esta linha no Brasil:
e quanto a qualidade desses carros? devemos nos preocupar ou podemos comprar sem medo?
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Os modelos Dacia, vendidos como Renault no Brasil, recebem aprimoramentos em relação aos vendidos na Romênia, Índia, China e leste europeu. Pasme, o consumidor brasileiro é mais exigente que o romeno, por isso nossos Dacia/Renault são mais refinados.
A marca Dacia também é vendida em mercados altamente exigentes como França, Alemanha e Inglaterra como marca de entrada e são bem aceitos. Claro que o padrão de qualidade é muito superior.
Os Dacia/Renault brasileiros são robustos e baratos de manter. Não devem nada para um GM ou Fiat em confiabilidade. Ótimo custo/benefício.
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O Mégane que foi lançado antes do Fluence é francês de fato, né? Isso é bom ou ruim?
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Emerson, boa tarde.
O Mégane lançado antes do Fluence tem projeto francês e foi fabricado no Brasil. O Fluence tem projeto coreano, feito pela Samsung em parceria com a Renault e não utiliza plataforma e mecânica franceses.
O Mégane é confortável e bem equipado. Porém, não foi bem adaptado para as ruas brasileiras e sua manutenção exige bastante atenção e cuidado dos donos, a exemplo dos Peugeot e Citroën.
Os proprietários que conhecem o modelo e cuidam bem da manutenção gostam do modelo, bastante confortável e de bom desempenho. Por outro lado, as peças são mais caras que a média.
Recomendo entrar em contato nos fóruns sobre o modelo e colher informações com os proprietários antes de fechar a compra. Sugiro também consultar seus mecânicos de confiança.
Obrigado pelo contato.
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O Fluence não é um projeto Renault francês, mas uma parceria da marca com a Samsung coreana. Utiliza a mecânica do Nissan Sentra, de origem japonesa, considerada mais confiável que os motores Renault utilizados no Mégane.
De fato, o Mégane é um carro mais refinado e sofisticado que o Fluence, mas a manutenção exige bastante atenção do dono, por isso o mercado não o coloca como opção preferencial.
O Mégane não é muito benquisto pelo mercado, e o Fluence também. Daí a expressão.
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E o Renault Master???? É o que???? Líder há 4 anos consecutivos do segmento!!!
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O Master é um comercial leve, que opera em um mercado diferente do de carros. Outra empresa, outros clientes, outro modo de fazer negócios.
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SE O FLUENCE SAIU DA SAMSUNG, VOU COMPRAR UM A DIESEL!
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Como sempre, para cá só vem o lixo mesmo.
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E sobre os outros franceses, não são tão ruins assim. Tenho um Citroen C3 ano 2011 que apesar de ser feio que dói, parecendo um tatu-bola, não me deixa na mão e as peças de manutenção, como velas,pastilhas de freio, etc, são bem comuns e de preços bem acessiveis. Sobre o Peugeout não sei informar porque nunca tive um.
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