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10 itens automotivos nos quais não vale a pena economizar

Existe consenso entre os  motoristas de que os preços de todos os itens essenciais ao funcionamento dos veículos são elevadíssimos. Desde o próprio automóvel até o acabamento do porta-malas. Tudo relacionado a veículos é caro no Brasil.

Este artigo tem um público específico: aqueles motoristas que pedem tudo do bom e do melhor quando vão no restaurante favorito, mas abastecem seu carro no posto sem bandeira.

Ou os que valorizam a estética e gastam, sem dor no coração, em rodas de 20 polegadas e faróis de LED para a “nave” ficar estilosa, e em seguida “poupam” 120 reais ao colocar em seu motor o óleo e as velas mais baratos da loja, totalmente fora de especificação.

Para eles, economizar nesses 10 itens hoje pode gerar grandes despesas no futuro. Aqui, valem os ditados populares “a economia é a base da porcaria” e “o barato sai caro”.

1 – COMBUSTÍVEIS

gasolina de alta octanagem

Os combustíveis são caros no Brasil. Fato. Independentemente de a causa residir nos impostos, exigências absurdas do governo, burocracia, custos elevados ou margem de lucro elevadas, abastecer seu veículo com combustível de má qualidade, em troca da economia de 5 centavos por litro é uma péssimo negócio no longo prazo.

Abastecer seu veículo com combustível de boa qualidade consiste em prática obrigatória para a obtenção da performance, consumo e durabilidade prometidas pela empresa. Exemplares alimentados com produtos  como a menor frequência de falhas,

À exceção de modelos importados de alto desempenho ou com recomendação expressa do fabricante sobre este cuidado, não há necessidade de abastecê-lo somente com gasolina aditivada ou premium.

A mesma regra que vale para o corpo humano também se aplica aos automóveis, motocicletas e veículos comerciais: alimentação de má qualidade traz efeitos na saúde sentidos apenas com o passar dos anos. Se é comida ou gasolina, tanto faz.

2 – ÓLEO DE MOTOR E LUBRIFICANTES

Da mesma forma que a qualidade do combustível influencia a performance e durabilidade do veículo, os lubrificantes de motor, transmissão, direção hidráulica e turbocompressor exercem igual influência na performance e durabilidade do veículo.

O lubrificante do motor possui especificações técnicas divididas em duas partes: viscosidade a frio e a quente. Por exemplo 5W30 ou 20W40. Consulte o link abaixo para conhecer o que significam estes números.

Veja neste link como escolher o melhor óleo lubrificante para o seu motor

O número antes do W (de winter, inverno em inglês) representa a viscosidade no ato da partida frio. Quanto menor, menos viscoso – no popular, mais “fino”. Quanto mais “fino”, mais fácil para o motor “pegar” em dias frios.

Infelizmente, quanto melhor para a partida a frio, mais caro o óleo. Sua composição demanda componentes químicos de maior custo, daí o valor duas ou até três vezes maior em relação ao tradicional 20W40.

O artigo do link também trata da tecnologia contida no óleo, representada na sigla SAE como SJ, SL, SM e assim por diante. Quando mais moderno, mais caro custa, evidentemente.

O motorista “mão-de-vaca” fica tentado a desprezar as recomendações originais do fabricante e utilizar um fluido de menor valor, alegando que o “original” custa o dobro do preço e “não faz diferença, porque óleo é tudo igual”. Ledo engano.

Óleos de motor mais viscosos (mais grossos) aumentam a resistência à movimentação das partes móveis, causando aumento de consumo e redução na performance. O maior esforço do conjunto pode causar desgaste prematuro e levar a retíficas antes da quilometragem recomendada.

A maior viscosidade no frio prejudica ou até impede a partida em baixas temperaturas. Ciclos de combustão incompleta aumentam a emissão de poluentes e geram carbonização nas câmaras. Se ficar parado por longos períodos, cria borra com mais facilidade devido a ser “mais grosso”.

Utilizar óleo lubrificante fora da especificação de fábrica durante muito tempo pode causar tantos danos ao motor que a economia se perde em manutenção e consumo na quase totalidade dos casos.

3 – VELAS

A combustão eficiente reduz o consumo e quantidade de manutenções do veículo. A economia de algumas dezenas de reais se esvai em poucas semanas devido ao aumento do consumo de combustível – especialmente se o item 1 também for objeto de sovinice.

Velas fora da especificação de fábrica se mostram um desastre para o funcionamento do motor. Problemas na partida a frio, marcha lenta ou em altas rotações ocorrem em muitos casos, mesmo quando se instala peças de marcas conceituadas. Pequenos erros na especificação podem causar grandes variações na queima de combustível.

Propulsores de tecnologia mais avançada, como os equipados com turbocompressor e injeção direta, utilizam velas com irídio, as quais permitem extrair o melhor rendimento. Todavia, custam (bem) caro.

Muitos reparadores oferecem variações da mesma marca, mas sem o metal nobre e por valores mais módicos. Mais uma economia infeliz, dada a queda no desempenho, aumento no consumo e durabilidade de menos da metade das velas recomendadas. O dinheiro poupado se perde rapidamente no posto de combustível e na troca das velas pelas originais depois de alguns meses.

4 – CORREIAS DENTADAS

Muitos proprietários simplesmente se esquecem de prover a correta manutenção destes itens, os quais podem levar a graves danos aos sistemas de assistência de direção, ar condicionado e, principalmente, ao cabeçote.

Uma correia dentada que se rompe quebra a sincronia de funcionamento entre os comandos e o virabrequim, fazendo com que os pistões se choquem com as válvulas, danificando-as. Este defeito é popularmente conhecido como “atropelar as válvulas”.

A única solução é a retifica do cabeçote, ao custo de milhares de reais.

O rompimento da correia de direção hidráulica elimina a assistência volante, deixando-o muito “duro”. Em altas velocidades, o controle direcional prejudicado pode causar acidentes. No caso da correia do sistema de climatização, não há maiores consequências além da ausência de refrigeração.

De qualquer maneira, o uso de correias dentadas de baixa qualidade pode gerar danos catastróficos ao conjunto mecânico e causar acidentes. Neste item, a economia de algumas dezenas de reais na manutenção preventiva pode custar milhares em uma eventual corretiva.

5 – SISTEMA DE ESCAPE

toyota camry 2019 3.5 V6 310 cv

Excetuando aqueles que desejam aumentar o ruído emitido pelo automóvel ou motocicleta – e não ligam para as despesas extras geradas pela modificação -, um escape que apresenta furos ou a retirada do catalisador prejudica a pressão dos gases de escape configurada pelos engenheiros da fábrica.

Consequentemente, o fluxo de mistura ar/combustível, combustão e escape perde a configuração original. Na maioria dos casos, o resultado obtido consiste em perda de desempenho com aumento de consumo, e explosão nas emissões de poluentes.

Em caso de fiscalização ou exigência de inspeção de poluentes para licenciamento, exigidos em alguns municípios, o prejuízo vai muito além do aumento do consumo de combustível. A manutenção do sistema de escape com as características originais poupa muito dinheiro e dor de cabeça com a regularização.

6 – PNEUS

pneus de SUV são caros

Substituir os pneus originais por modelos de qualidade inferior, recauchutados ou remoldados também se mostram péssimas economias. Sua durabilidade se mostra em torno de metade de itens novos, e os reaproveitados de boa qualidade não geram economia suficiente a compensar a vida útil reduzida.

As marcas e modelos certificados pelo Inmetro entregam desempenho próximo dos componentes novos e se mostram seguros ao rodar, mas seu preço elevado não traz grande economia financeira.

Calibrar os pneus com algumas libras a mais, com o objetivo de poupar combustível também é uma péssima ideia, dado que o peso do veículo se concentra em menor área e acelera o desgaste dos componentes. Toda a economia no posto se torna gastos na borracharia.

Um ponto essencial consiste na piora geral no conforto e estabilidade do veículo, o qual pode parecer duro ou mole demais, devido à diferença de pneus recauchutados em relação aos originais. Variações no comportamento dinâmico também ocorrem, e ficam mais perceptíveis em manobras rápidas.

Pneus recondicionados sofrem mais com impactos em guias e buracos, podendo se romper com mais facilidade em relação aos novos, posto que sua estrutura interna sofreu muito mais esforço nas dezenas de milhares de quilômetros extras.

De todos os itens da lista, os pneus remoldados ou recauchutados trazem o pior custo/benefício da lista. Entregam características de dirigibilidade e eficiência piores em todos os casos e se desgastam com tamanha facilidade que nem economia financeira conseguem trazer.

7 – MOLAS E AMORTECEDORES RECONDICIONADOS

Apesar da grande diferença de preços, molas e amortecedores recondicionados apresentam as mesmas características de pneus: os menores valores se traduzem em vida útil reduzida. Outros componentes da suspensão, como bandejas, bieletas e batentes “paralelos” podem reduzir a ação do sistema, devido à perda das características originais.

Quem nunca rodou em dois automóveis de mesma marca e modelo, e um deles parecia confortável e estável, enquanto o outro parecia “uma carroça” ou “um pedaço de pau”? A resposta pode estar nos componentes da suspensão.

A dirigibilidade pode ficar comprometida pela qualidade inferior dos itens de suspensão, prejudicando o comportamento dinâmico. O mesmo ocorre com relação à absorção das irregularidades do piso, tornando o veículo duro e barulhento ao passar em irregularidades.

Mesmo os modelos reparados com itens recondicionados de melhor qualidade podem apresentar bom comportamento durante algum tempo, mas sua estabilidade e amortecimento pioram muito antes dos equipados com peças originais. Raramente a economia em itens de suspensão reverte ao bolso do dono em médio e longo prazo.

8 – BATERIA

Baterias recondicionadas e/ou de marcas de segunda linha possuem vida útil reduzida e podem causar panes nos demais itens da parte elétrica. O motor de partida é o componente mais afetado pela qualidade duvidosa de sua fonte, e pode deixar o motorista na mão em diversas circunstâncias.

Itens como módulos eletrônicos de câmbio automático e assistências de frenagem, estabilidade e tração se mostram muito sensíveis a sobrecargas, podendo apresentar problemas. Sua substituição custa bem caro, na casa dos milhares de reais.

Se o seu veículo possui muitos acessórios elétricos que consomem muita energia, tais como som automotivo e faróis especiais, a qualidade da bateria influencia a performance dos equipamentos, podendo causar desde o “mico” de ver o som apagar no meio da festa até a queima de itens caros, tais como subwoofer e lâmpadas de LED.

Substituir a bateria original por outra de maior amperagem também pode causar problemas, especialmente no motor de partida.

Confira neste artigo: 7 dicas para preservar o sistema elétrico do seu carro

9 – ÓLEO DE CÂMBIO

Muitos motoristas se esquecem de trocar o óleo lubrificante das caixas de transmissão, em modelos que exigem este cuidado.

Caixas automáticas apresentam maior necessidade de troca de fluido. A inobservância deste procedimento pode gerar avarias no sistema e causar travamento e ruídos, gerando situações de perigo em rodovias e altos custos de reparo.

Vale lembrar que existem poucos profissionais especializados em câmbio técnico e manutenção de caixas automáticas. Uma transmissão completa pode custar várias dezenas de reais e um bom mecânico raramente cobra menos de R$ 2 mil apenas para sua abertura e exame.

A importância da troca do óleo da transmissão conforme a recomendação de fábrica foi abordada em detalhes neste artigo do EA: Se o seu carro tem câmbio automático, este cuidado é importantíssimo. Evite um prejuízo enorme!

10 – PALHETAS DE LIMPADOR

dirigindo na chuva educação automotiva

Especialmente no verão, época de maior volume de chuvas, a substituição das palhetas do limpador em ordem melhora o conforto visual ao dirigir em piso molhado.

Boas palhetas custam um pouco mais em relação às “paralelas” e apresentam maior durabilidade e resistência ao ressecamento, especialmente quando expostas ao sol  forte durante muito tempo.

Manter o líquido dos lavadores de pára-brisa com o aditivo lubrificante também contribui para a maior durabilidade do conjunto, assim como a manutenção da visibilidade ao conduzir em dias chuvosos. O líquido contém lubrificante que mantém a borracha umedecida e aderente ao pára-brisa, cumprindo sua função com eficácia.

A ECONOMIA É A BASE DA PORCARIA

Mesmo que o ditado acima e “o barato sai caro” pareçam – e sejam – clichês, eles se mostra grandes verdades para os dez itens listados acima, essenciais para o seu veículo. Eles possuem ampla diversidade de marcas e tipos, de todos os preços e padrões de qualidade.

Nesta dezena de casos, as consequências de economizar em componentes tão importantes vão muito além de quebras, gastos com manutenção e aborrecimentos. Eles podem criar situações de risco e até acidentes com vítimas, nos quais os prejuízos extrapolam o financeiro e material.

Muitos motoristas não compreendem que os cuidados dispensados ao veículos sobressaem apenas após cinco ou seis anos de uso. Um veículo conservado conforme as recomendações de fábrica preserva as características originais, tal como se fosse zero quilômetro. No mercado de usados, seu dono vende rapidamente e obtém valor próximo à tabela Fipe, com algumas exceções – os famosos “micos”.

Outro que rodou sem observar as boas práticas de manutenção já apresenta forte queda de rendimento, problemas de dirigibilidade e falhas mais frequentes, na maioria dos casos. Na hora da revenda, este exemplar só ganha um novo dono após muitos reparos e um “descontão”, a fim de compensar a despesa com os itens “para fazer”. Com frequência, a performance de fábrica não é restaurada.

A manutenção preventiva e corretiva executada nos prazos e quilometragens recomendadas, assim como o uso de peças originais e com especificações idênticas às que constam no manual do proprietário revelam seus benefícios de forma claríssima em modelos com doze anos ou mais.

Um exemplar no qual zelou-se pela qualidade dos dez itens acima roda de forma confiável e com pouca perda de performance, outro – de mesmas marca e modelo – o qual rodou “de qualquer jeito” se transforma em sucata ambulante que só trará aborrecimentos para seu dono, com quebras frequentes e o custo de fazer todos os reparos supera seu valor de mercado.

Passado o momento feliz da aquisição do veículo, o proprietário que optar por economizar nos dez itens desta lista perderá todo o valor – e mais outro tanto – em algum momento. Seja no consumo elevado, problemas mecânicos, acidentes ou na revenda.

Quando se trata de automóvel, motocicleta ou veículos de transporte de cargas e/ou passageiros, o proprietário consciente pode economizar no supérfluo, como bancos em couro, rodas de liga leve ou telas multimídia. Mas jamais em peças de motor, suspensão, pneus e combustível.

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