Vale a pena comprar carro chinês?
A primeira marca chinesa a desembarcar no Brasil foi a Effa Motors, com sua minivan M100. Na época, seu chamariz era ser equipado com ar condicionado, trio elétrico, direção hidráulica, ABS e airbags por apenas R$ 21.990, sendo o carro mais barato do Brasil. E vinha “completão”.
Mas foi um fracasso de vendas devido à baixíssima qualidade, má qualidade da assistência técnica, falta de peças e desvalorização astronômica. O escapamento não era preso por borrachas, pois era amarrado à carroceira por um arame. Indubitavelmente, o produto não era nada competitivo.
A revista Quatro Rodas fez um teste de longa duração com o Effa M100, com previsão de 60 mil quilômetros, mas ele não teve condições de concluir os testes devido aos problemas mecânicos e falta de peças. Essa marca foi um fiasco e encerrou sua operação em 2012 por aqui. O estigma de baixa qualidade dos veículos made in China persiste, apesar dos avanços.
Nos anos seguintes, uma legião de fabricantes chineses entraram no difícil mercado brasileiro. Algumas de forma bem tímida, como a Changan, Hafei e Lifan, e outras de forma mais agressiva, como a JAC Motors e a Chery, as quais instalaram fábricas por aqui e trazem produtos de maior valor agregado e mais adaptados ao gosto local.
Em comparação aos pioneiros, melhoraram bastante e ganharam bastante terreno, mas ainda não obtiveram fatia significativa do mercado. Atribui-se à qualidade ainda inferior em comparação aos veículos nacionais e à rede de concessionárias ainda deficiente.
Em 2014, mais notadamente após a inauguração da fábrica da Chery em Jacareí (SP), observa-se uma notável melhora na qualidade do produtos e serviços, somados ao trunfo dos preços de aquisição e manutenção competitivos.
Todavia, as primeiras tentativas de incursão em nosso mercado não lograram sucesso, pelos motivos descritos nesta carta aberta à JAC Motors. Novas tentativas certamente serão empreendidas, com novos produtos e nova política de preços e pós-venda.
Aos poucos, o padrão vem se aproximando aos populares de entrada nacionais e com a produção local, os problemas de abastecimento de peças e serviços tendem a melhorar. O mesmo se observa em categorias superiores, como sedãs médios e SUV´s, os quais ficam bem atrás em qualidade, mas são vendidos a preços módicos. As fotos mostram os veículos chineses mais atualizados à venda no Brasil, um ótimo retrato do salto tecnológico desses fabricantes.
Após este breve histórico, fica a pergunta:
VALE A PENA COMPRAR CARRO CHINÊS?
Ainda é cedo. Mesmo com os aprimoramentos vistos recentemente, os veículos chineses ainda estão um patamar abaixo dos nacionais em qualidade, no segmento de entrada. Nas categorias superiores, com mais tecnologia agregada, ainda estão bastante atrasados. Somente um preço de compra muito baixo justifica a compra.
No mercado de usados, deve-se pesquisar bastante sobre o carro desejado e verificar a manutenção. Caso esteja em boas condições, é possível fazer negócios de ótimo custo/benefício com a grande desvalorização, levando para casa um modelo completo e espaçoso pelo preço de um popular 1.0 pelado. Vale ressaltar que cada modelo deve ser estudado separadamente, pois existem linhas de boa e má qualidade dentro da mesma marca e grandes diferenças entre gerações de um mesmo modelo.
Os que têm boa memória, certamente se lembram dos veículos da Hyundai e Kia Motors vendidos por aqui nos anos 90, logo em sua chegada. Foram rejeitados por muitos anos, de forma parecida com o que ocorre com os chineses de hoje.
Não há dúvidas de que os modelos coreanos evoluíram muito. Atualmente, a Hyundai se encontra como a quarta maior montadora do mercado brasileiro, atrás apenas das três grandes. Por sua vez, os Kia também são bem vistos em algumas categorias. Passaram de patinho feio a filé mignon.
Inicialmente, a indústria sul-coreana produzia modelos fora de linha de outras nacionalidades, sob licença e/ou com modificações. Conforme os fabricantes daquele país ganharam expertise, desenvolveram uma receita própria, descrita em detalhes neste artigo. Kia e Hyundai têm obtido enorme sucesso no mundo todo, conquistando a quinta posição no maior mercado do mundo, o norte-americano, e a quarta por aqui.
O QUE ESPERAR DOS MODELOS CHINESES?
Os chineses estrearam há pouco tempo no Brasil. Mesmo sem ter atingido um patamar técnico e de qualidade suficientes para competir com os fabricantes estabelecidos, fechar os olhos para a rápida evolução não se mostra sensato, a exemplo das marcas sul-coreanas.
As primeiras tentativas de ganhar o mercado brasileiro não trouxeram os frutos esperados, assim como ocorreu com as marcas japonesas nos anos 70 e com as sul-coreanas vinte anos depois. Mas o que esperar de fabricantes como Lifan, BYD, JAC, Cheru, Lifan e companhia?
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