Recalls: por que é tão importante cumpri-los
Recall é uma palavra desconhecida de muitos motoristas, apesar de os fabricantes chamarem os veículos com defeito há cerca de quarenta anos. O primeiro evento desse tipo no Brasil foi realizado em 1970 pela Ford, referente à correção de defeitos nas cruzetas do Corcel. Havia possibilidade de travamento das rodas e desgaste excessivo da banda de rodagem dos pneus dianteiros. Eles poderiam levar o veículo a rodar ou dar cavalos de pau, somados os prejuízos à estabilidade do veículo. 65.000 veículos foram chamados às concessionárias.
Foi nos anos 90 que a prática se disseminou, levando a interpretações ambíguas pelos consumidores. Alguns os viam com maus olhos, pois seu entendimento é que fabricante não deu atenção à qualidade dos veículos e processos de fabricação. Para eles, recall significa desleixo. Outros já enxergam de forma positiva, concluindo que o fabricante se preocupa em corrigir defeitos, a fim de proteger o consumidor e aprimorar seus produtos. Exigências governamentais também levaram ao grande aumento nos chamados. No final, todos motivam as empresas a despender grandes quantias de dinheiro nessas campanhas.
Entre os aficionados por automóveis e trabalhadores da indústria e comércio de veículos, comparações entre marcas sempre vêm à tona. O número de recalls, ou a falta deles, sempre são empregados em discussões comparando fabricantes por fãs e detratores dos fabricantes. Na prática, todas já realizaram chamados, desde as marcas novatas até a Ferrari, Porsche, Mercedes-Benz, BMW e Rolls-Royce. Recentemente, as três maiores montadoras japonesas, Honda, Toyota e Nissan, convocaram seus clientes para fazer reparos nos airbags de milhões de unidades, os quais poderiam falhar em caso de acidente. Este fato foi um balde de água fria para os amantes do trio nipônico, conhecido pela alta confiabilidade de seus produtos. Enfim, nenhuma empresa escapou e usar os recalls para atacar ou defender uma marca ou modelo não faz sentido.
Nos Estados Unidos, houveram dois casos notórios de problemas mecânicos com graves repercussões para as empresas. No início da década passada, o Ford Explorer, um utilitário esportivo, foi comercializado com pneus defeituosos, os quais poderiam se romper e causar o capotamento do veículo. De fato, houveram muitos casos, resultando em 174 mortes. Apesar de o chamado ter sido amplamente divulgado pela empresa, menos da metade dos proprietários atenderam-no, agravando a estatística.
A General Motors vendeu aos consumidores veículos com problemas na ignição por treze anos. O total de veículos defeituosos passa de 1,7 milhão de unidades. A empresa está sendo investigada e atribui 30 mortes ao defeito, mas as autoridades atribuem 303 óbitos.
Aqui reside o ponto central deste post: a importância acompanhar os recalls de seu veículo. E caso ele seja chamado, levá-lo para a manutenção o mais rápido possível. Muitos chamados são realizados por pequenos defeitos, mas boa parte traz risco de vida aos ocupantes do veículo em diversas situações. Caso compre um usado, verifique se a sua unidade foi convocada para reparos e, caso positivo, leve-o ao autorizado para verificar e atualizar o componente, se for o caso. Uma solução simples acontece ao levar o automóvel nas revisões. Perguntar se houve recall se mostra fácil e as concessionárias o realizarão prontamente.
Resumo da ópera: ser dono de um automóvel exige muito mais responsabilidade em comparação com os demais bens de consumo, e ficar atento aos recalls é muito importante para proteger sua integridade física e de sua família. Não durma no ponto. Havendo convocação, leve imediatamente seu veículo à autorizada.
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