Hyundai passa a Ford e quer ser líder de vendas até 2020. Será que ela consegue?
Na primeira quinzena de outubro, a Hyundai ultrapassa a Ford em vendas e passa a ser a quarta colocada do ranking. No acumulado de dez anos, foi a marca de maior crescimento. Tal desempenho comercial ocorreu nos Estados Unidos na década passada, alçando a fabricante coreana à quinta posição do ranking daquele disputado mercado.
Tal fenômeno também observado em terras tupiniquins, especialmente após o lançamento de seu best-seller, a linha HB20, o terceiro modelo mais vendido por aqui. Eles são produzidos em Piracicaba, interior de São Paulo. O sucesso comercial e o rápido crescimento se mostram inquestionáveis. Mas os executivos querem mais: eles querem ser líderes do ranking da Fenabrave. Será que eles vão conseguir?
Em outros posts, já falamos sobre o quarteto fantástico, as quatro marcas de maior crescimento, na qual a Hyundai se inclui, e sobre outra marca, a Toyota, seus trunfos e fraquezas. Agora é a vez da montadora sul-coreana:
1. Disputa entre a Hyundai oficial (HMB) e a CAOA (representante comercial) – No início dos anos 90, a Hyundai oficial não tinha interesse de operar no mercado brasileiro. Assim, ela delegou a representação comercial para o Dr. Carlos Alberto de Oliveira Andrade, o Dr. CAOA, na época o maior operador de concessionárias Ford. Sua rede é responsável pela importação dos modelos importados e possui até uma fábrica em Anápolis, GO, na qual fabrica diversos modelos.
Em 2012, a Hyundai entrou oficialmente no jogo, com fábrica própria em Piracicaba e a linha HB20. Porém, os outros modelos continuam sendo comercializados pela CAOA, a qual trava disputa feroz com as coreanos para continuar a representar os demais modelos. A disputa gera muitas dificuldades entre os consumidores e prejuízos para a marca de modo geral.
2. Confusão para os clientes – Essa divisão gera muita confusão entre os consumidores, pois a HMB possui sua linha de produtos e rede de concessionárias e a CAOA trabalha em outra estrutura, mas ambas vendem a mesma marca. Existe até diferenças visuais entre as lojas: o arco na entrada das revendas HMB é azul, e nas CAOA é prateado. O cliente que deseja comprar um Elantra não pode comprar ou levar para assistência em qualquer autorizado, apenas nas de pórtico cinzento. No caso da linha HB20, apenas as representantes da HMB podem atendê-los. Em suma: as lojas são parecidas, mas vendem produtos diferentes. Nem toda Hyundai é Hyundai.
3. Diferenças de políticas de preço e nível de serviço – Ainda no tópico divisão da marca entre HMB e CAOA, cada uma possui sua política de preços e serviços, com vantagem para os coreanos. Estes possuem política de vendas e qualidade de atendimento de boa fama, com clientes satisfeitos em sua maioria. Há boa negociação de preços, com desconto e taxa zero em muitos casos. No que concerne às revisões, existe tabela d preço fixo.
Na divisão do pórtico prata, a insatisfação predomina, com problemas de qualidade, empurroterapia nas revisões e serviços de oficina insatisfatórios. A respeito de política comercial, a CAOA tem fama de cobrar preços acima da média dos concorrentes em alguns modelos, como i30, Azera e Elantra, resultando em vendas pífias e criticas recorrentes por parte dos consumidores. Outros, como a Tucson, iX35 e HR, com valores competitivos, obtêm exito comercial há muito tempo.
4. Erros de marketing – Após a entrada da Hyundai oficial no mercado brasileiro, tais equívocos deixaram de acontecer. Um caso emblemático consistiu na divulgação de potência do motor do Veloster, anunciado como 140 cv originalmente. Como o valor parecia exagerado para um propulsor de 1.6 litros, diversas publicações especializadas fizeram testes dinamométricos. O mais famoso, realizado pela Fullpower, registrou 116 cv, levando a montadora a grande descrédito e ao fracasso comercial do modelo, o qual deixou de ser importado com apenas um ano e meio no mercado.
Outra ação polêmica consistia em propagandas demasiadamente agressivas, comparando modelo da Hyundai com marcas premium como Mercedes e BMW, claramente superiores. Isso ocorreu em uma época de forte alta nos preços dos veículos, a níveis acima dos praticados pelos concorrentes. Enfim, muitos consumidores desaprovaram as peças nas quais a Hyundai tentava enfiar goela abaixo dos clientes um grande sobrepreço. A marca tentava transformar seus produtos em premium no Brasil, sendo que eram vendidos como “populares baratinhos” nos EUA e Europa.
5. Preconceito de parcela dos motoristas e ataques dos “haters” da marca– Haters são o oposto dos fanboys: consumidores que se empenham em denegrir a imagem de um veículo, ficando cegos às suas qualidades. Ao contrário de seus competidores japoneses, a Hyundai ainda enfrenta rejeição de uma parte considerável dos motoristas por ser uma marca coreana, ou por ter entrado no mercado há pouco tempo. De modo geral, os produtos da montadora de Piracicaba se mostram de boa qualidade, manutenção a preços módicos e vendidos a valores competitivos. Em relação ao que oferecem, a maioria possui bom custo/benefício, tornando infundados alguns ataques de seus detratores.
A Hyundai passou de uma montadora inexpressiva à quinta maior do Brasil em um prazo de dez anos, graças à política comercial agressiva e melhoria na qualidade dos veículos oferecidos. No quesito técnico, um modelo coreano não se mostra tão avançado tecnologicamente como um alemão nem tão durável quanto um japonês, mas é indiscutível que houve notável progresso, especialmente em matéria de design. Tudo vendido a preços razoáveis em comparação aos concorrentes.
Respondendo à pergunta do título: a coreana tem evoluído muito e possui boas chances de conseguir, mas precisa resolver os problemas comerciais, trabalhar para vencer o preconceito de alguns e, acima de tudo, melhorar os produtos mais rápido que os rivais.
Comprei em 2011 um i30 2.0 automático (modelo antigo) e estou com ele até hoje. Foi o melhor carro que já tive. Único ponto ruim é o consumo.
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