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Comprar um carro usado de baixa quilometragem sempre vale a pena?

hodometro

No mercado de seminovos e usados, uma das primeiras perguntas feitas pelos potenciais compradores consiste na quilometragem do veículo. O senso comum indica que um automóvel menos rodado tende a apresentar menos defeitos e demandar menos manutenção e reparos. Isso é verdade ou mito?

Eis uma questão que não encontra uma resposta fechada e categórica, mas existe uma certeza:

A QUILOMETRAGEM DO VEÍCULO INDICA MUITO POUCO SOBRE O SEU ESTADO DE CONSERVAÇÃO.

Cada motorista utiliza seu veículo de maneira diferente e para finalidades distintas, tornando cada automóvel seminovo ou usado único, com suas peculiaridades. Analisar cada veículo individualmente se mostra fundamental para fazer uma boa aquisição de modelos de segunda mão. Este artigo explora alguns fatores que influenciam na atratividade do veículo, além do total de distância rodada:

1.Tipo de percurso mais utilizado pelo motorista

O número de quilômetros rodados se mostra variável insuficiente para definir se o usado vale a compra. O comprador deve avaliar além do aspecto quantitativo, mas também o qualitativo. Este se mostra mais importante. Ao vendedor, algumas perguntas precisam ser feitas, levando em consideração os fatores abaixo.

A. Se a maior parte da quilometragem foi rodada na cidade ou em rodovias

Sim, isso faz toda a diferença. Em um percurso urbano, há um anda-para constante, com acelerações, variações de rotação e temperatura do motor, frenagens e diversos obstáculos. Isso gera um desgaste maior do veículo em pouca distância percorrida. Em estradas, especialmente as bem pavimentadas e com maior limite de velocidade, ocorre o inverso. Devido ao funcionamento em regime constante e poucas variações, o veículo cumpre distâncias bastante longas com pouca exigência da mecânica, o que resulta em casos como o do vídeo abaixo:

O taxista do vídeo, que rodou mais de 1 milhão de quilômetros com seu Chevrolet Vectra 2007/2008 rodando na região do aeroporto de Viracopos, predominantemente nas rodovias Anhanguera, Bandeirantes e Santos Dumont, rápidas e bem pavimentadas. Vale lembrar que este é um caso bastante excepcional, apesar de bastante comum entre os motoristas que andam longas distâncias em rodovias, os quais possuem veículos com mais de 200 mil quilômetros em excelente estado de conservação. O inverso também pode ocorrer, como indica o item B.

B. O estado da pavimentação em que o veículo roda

Posto que existem veículos com quilometragens altíssimas em ótimo estado, o inverso também ocorre. As ruas de algumas cidades possuem asfalto precário e trânsito congestionado, o que resulta em grande desgaste do veículo. Nessas localidades, veículos com menos de 30 mil quilômetros em mau estado de conservação se mostram comuns, demandando manutenção de motor e suspensão.

2. Os hábitos de transporte de passageiros e carga

Outro fator importante consiste na utilização do veículo, algo bastante fácil de entender. Um motorista que roda a maior parte do tempo sozinho e sem carga desgasta menos o carro do que outro que o utiliza para transporte de cargas pesadas ou roda com muitos passageiros. Perguntar se o proprietário anda com crianças, animais ou certos tipos de carga também se mostra essencial. Veículos que rodam carregados têm sua durabilidade reduzida.

3.Marca e modelo do veículo

Este item é muito elementar. Algumas marcas e modelos possuem maior durabilidade e confiabilidade que outras. Por outro lado, poucos motoristas levam isso em consideração na hora de adquirir um usado, considerando o valor de quilometragem alto ou baixo independente de marca e modelo. Posto isso, é preferível comprar um veículo de uma marca de qualidade consagrada com 80 mil quilômetros a outro com 20 mil, mas de marca com histórico de falhas mecânicas.

Indo além, pode-se afirmar que é preferível adquirir um veículo de alta quilometragem, mas em bom estado e manutenção em dia a um modelo zero-quilômetro de uma marca com histórico de problemas, como afirma Leandro Mattera, da consultoria Carro e Dinheiro, no artigo abaixo, publicado no site Dinheirama:

Carros: Sim, o seu 0 km pode trazer mais problemas que um usado

Assim, chegamos ao quarto item.

4.Manutenção preventiva do veículo

Alguns motoristas optam por adquirir seu veículo e permanecer com ele por muitos anos, com todos os cuidados de manutenção em dia. Assim, pode-se encontrar veículos bastante rodados em bom estado de conservação, os quais valem a compra.

Por outro lado, alguns motoristas descuidam da manutenção e escolhem trocá-lo em curto espaço de tempo e baixa quilometragem, mas que demandam muitos gastos em manutenção.

Em casos extremos, pode-se encontrar automóveis com 15 mil quilômetros com problemas sérios de motor e transmissão, com custo de reparo altíssimo. Em suma, o cuidado do dono conta mais que o valor marcado no hodômetro, o que leva ao quinto item.

5.Modo de dirigir do proprietário atual ou anteriores

Um dono cuidadoso tem um peso muito maior que o número do hodômetro. Assim como os cuidados com a manutenção, o modo de dirigir também contribui para a conservação (ou destruição) do veículo, assim como a qualidade do combustível e lubrificantes, frequência de lavagem e qualidade das peças de reposição. Um motorista que dirige de forma a preservar o veículo resulta em veículos de alta quilometragem em ótimo estado.

Os links abaixo mostram os princípios que o condutor que deseja aumentar a durabilidade seguem:

O mínimo de acelerado, o máximo de freio. O lema do motorista inteligente.

Como economizar combustível. Vídeo de Roberto Manzini.

Não existe resposta simples para uma questão complexa

Assim, tem-se a constatação de que apenas a distância total que marca o hodômetro não é fonte confiável, mas um mero indicativo. Como em todas as coisas da vida, não podemos buscar soluções fáceis e simplórias ao escolher um veículo usado. Uma análise mais profunda se mostra essencial, e algumas perguntas ao proprietário atual se mostram mais importantes que o valor de distância rodada. Na dúvida, consulte um especialista.

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