Os automóveis, motocicletas, utilitários, ônibus, vans e caminhões antigos traziam um adesivo em posição de destaque no para-brisa, com a mensagem: “Após a partida, aguarde dois minutos antes de colocar o veículo em movimento”. Com que intuito?

Isso se devia ao fato de que o óleo lubrificante desce para o cárter (parte inferior do motor, no qual o fluido fica armazenado) e precisa ser bombeado para as partes móveis, a fim de cumprir seu objetivo. Devido às limitações tecnológicas da época, a recomendação se mostrava indispensável, sob risco de fundir o motor ou de reduzir drasticamente sua durabilidade.

Com o natural avanço tecnológico, os fabricantes dispensaram o consumidor deste cuidado, alegando que não se faz mais necessário. Por outro lado, ele se mostra simples de operacionalizar e aumenta consideravelmente a vida útil do conjunto mecânico. Descreve-se abaixo uma releitura da antiga recomendação:

• Aguardar 30 segundos após a partida é suficiente – com a melhoria nas bombas de óleo, na arquitetura das galerias internas e ao aprimoramento da qualidade do fluido, após este ínterim o motor estará plenamente lubrificado.
• Enquanto o motor estiver frio, recomenda-se evitar altas rotações – aquela acelerada logo após a partida reduz a vida útil do motor, além de se mostrar desnecessária ao seu funcionamento, pois o trabalho de mantê-lo funcionando é feito pelo sistema de injeção eletrônica. Evitar arrancadas nos primeiros minutos após a partida bruscas também contribui. Após este período, pode-se dirigir normalmente.
• Para motores sobrealimentados (turbo), recomenda-se o intervalo de um minuto – pois além da lubrificação do motor, deve-se aguardar a da turbina, a qual possui seu próprio sistema. Visto que ela gira a mais de 100 mil rotações por minuto, este cuidado contribui para o prolongamento da vida útil do conjunto.
• Caso ocorra uma situação de emergência na qual seja necessário uma partida e arrancada rápida, não se preocupe – caso o cuidado não seja observado em algumas poucas situações, não haverá prejuízo ao motor. Os danos ocorrem somente caso o motorista o faça de forma sistemática e prolongada, os quais serão notados após dois a sete anos, conforme a falta de cuidado e marca/modelo de veículo.

Quais são os danos que podem ocorrer caso o condutor não observe esta regra.

• Funcionamento irregular, principalmente na fase fria (barulhos no motor) – o funcionamento do motor sem a adequada lubrificação causa desgaste nos seus componentes internos, e o atrito entre as partes irregulares gera ruídos anômalos, o famoso barulho no motor.
• Perda de performance, aumento no consumo de combustível e óleo – o desgaste dos componentes gera mau funcionamento geral do bloco, prejudicando o desempenho e com aumento significativo no consumo de combustível. As folgas internas fazem com que o óleo entre na câmera de combustão e abaixe rapidamente. Via de regra, um veículo que consome mais de meio litro de lubrificante por semana apresenta problemas. Outro sintoma consiste na fumaça azulada que sai pelo escapamento.
• Necessidade de trocas de óleo precoces – a má lubrificação pode causar borras de óleo, uma espécie de “coagulação” do fluido, tornando-o mais espesso e com muitas impurezas, somados ao aumento nos ruídos. A forma mais fácil de se diagnosticar reside na observação de sua coloração ao medir com a vareta de cárter. Se o óleo estiver escuro e com materiais sólidos, é necessário trocá-lo, o que ocorrerá mais cedo. Ao invés de trocar a cada 5 mil quilômetros, o prazo se reduzirá para 3 mil. Somente a retífica resolverá 0 problema.

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Assim, concluímos que com esta dica simples, aguardar 30 segundos antes de andar com o veículo, podemos prevenir muitos problemas mecânicos e economizar dinheiro. O vídeo abaixo, feito pela empresa de combustíveis e lubrificantes Shell, mostra o funcionamento do sistema de lubrificação do motor: