A nova geração do Cruze tem preços acima de R$ 100 mil nas versões LTZ 2.

Em julho, a Chevrolet coloca à venda a nova geração do Chevrolet Cruze. O modelo anterior sofria pesadas críticas em relação ao desempenho inferior aos concorrentes e alto consumo de combustível do motor Ecotec 1.8 16V de 144 cv e 18,9 kgf.m de torque. O bloco foi substituído pelo moderno 1.4 16V turbo de 153 cv e bons 24,5 kgf.m de binário, entregando um 0 a 100 em cerca de 8 segundos e consumo rodoviário de até 18 km/l com gasolina.

As questões de performance foram sanadas, mas…

…o novo Chevrolet Cruze custa a partir de R$ 89,9 mil na versão de entrada, LT, e pode alcançar R$ 108 mil na mais completa, a LTZ 2. Seu rival Toyota Corolla sempre foi criticado pelos preços acima de R$ 100 mil na versão Altis, topo de linha. O Civic mudará de geração até o final do ano e passará pelo mesmo reajuste.

Lembrando que a Audi vende o A3 Sedan, fabricado no Brasil, a partir de R$ 98 mil e a Ford vende o Fusion, um modelo de categoria superior, a partir de R$ 105 mil. Será que Chevrolet e Honda estão perdendo a noção dos preços, a exemplo das concorrentes Toyota e Volkswagen?

Os executivos da Toyota justificam o sobrepreço devido à força da marca, com forte tradição de qualidade, confiabilidade e bom atendimento, mesmo com um pacote de equipamentos defasado e motor aspirado.

Por sua vez, o VW Jetta pode ultrapassar os R$ 120 mil sem tanta reclamação sobre os valores, graças à mecânica refinada e a abundância de equipamentos, como assistente de manobras (estaciona o carro sem a ação do motorista) e piloto automático adaptativo (além de controlar a velocidade, acelera e freia conforme os obstáculos). Mesmo sofrendo com o atendimento deficiente e acabamento em plástico duro, digno de modelos de entrada. A força da marca VW e a alegação de paridade tecnológica com modelos premium como Audi, BMW e Mercedes-Benz são as justificativas da marca.

A pergunta que não quer calar é: a Chevrolet e a Honda têm cacife para competir com a marca líder de vendas de sedãs médios e o veículo de referência em motorização e tecnologia?

A outra é: os novos Cruze e Civic têm condições de brigar no segmento superior a R$ 100 mil, no qual concorrem modelos de luxo como Audi A3, BMW Série 1, Ford Fusion e diversos SUV´s e picapes, além dos rivais da VW e Toyota?

Os fabricantes alegam que houve enorme evolução tecnológica dos modelos, com motores sobrealimentados e equipamentos sofisticados como piloto automático adaptativo, assistente de manobra, alertas de ponto cego e mudança de faixa, faróis de LED, transmissões de muitas marchas. Segundo elas, a melhoria os posiciona um patamar acima de Toyota e Nissan e junto aos modelos premium e o VW Jetta.

Uma análise meramente técnica confirma as afirmações, mas será que o consumidor vai comprar a ideia de pagar em um Chevrolet o mesmo valor de um Audi? O motorista irá preferir um Honda a um BMW? Só o tempo responderá.

O canal do YouTube Acelerados, sob o comando do competente Rubens Barichello, fez um comparativo entre o novo Cruze, o líder Corolla e o premium A3 Sedan. Confira a opinião do piloto com mais GP´s de F1 de todos os tempos:

Este humilde autor também faz sua profecia: por maior que sejam os aprimoramentos tecnológicos, os preços passarão por ajustes. Para muitos, não é mau negócio levar para casa um automóvel de marca generalista bem recheado e moderno a um modelo premium equipado só com o essencial. Porém, a maioria optará pela marca de luxo e as marcas precisarão alterar os preços e versões para emplacar.

Ademais, os novos Cruze e Civic têm tudo para ser um sucesso.

Resumo a matéria utilizando uma parábola dos fãs de MMA: Chevrolet Cruze e Honda Civic são campeões dos pesos médios, mas se resolverem lutar com os pesados, vão apanhar feio e perder todas.