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9 perfis de consumidor que estão comprando o carro errado

carro

No Brasil, pouco se fala em educação automotiva. A maioria das decisões de compra são feitas sem fundamentação técnica e análise financeira mais profunda, levando a frustrações e arrependimentos posteriores.

Neste post, serão descritos alguns consumidores que fazem aquisições inadequadas e sofrem com seus desdobramentos, com exemplos práticos e possíveis alternativas. Vamos dividi-los em dois grupos: aqueles que compram um modelo que não atende às suas necessidades e outro, o qual peca por comprar um carro caro, grande ou sofisticado demais.

Vamos descrevê-los de modo mais aprofundado nos parágrafos abaixo.

 OS “SUBDIMENSIONADOS”

Esta persona não possui grande interesse por automóveis e deseja um mero esquipamento de transporte – de preferência o mais barato de comprar e manter. Porém, o barato pode sair caro ou as necessidades básicas do condutor e familiares poderiam ser melhor atendidas com um pequeno desembolso adicional.

Os quatro perfis abaixo tratam dos consumidores que merecem um modelo mais completo.

1. O  muquirana

Este consumidor que pensa somente no preço de compra e quer economizar a qualquer custo, negligenciando suas necessidades. Mas faz questão de ter um zero quilômetro – a velha história de “o barato sai caro”. Este consumidor quer comprar o modelo “a partir de”, sem nenhum equipamento e da marca que oferece o modelo mais em conta.

No final, acaba adquirindo um modelo desconfortável, sem espaço interno, com porta-malas pequeno e que terá revenda difícil, pois modelos básicos têm menor liquidez. Frequentemente, tais veículos têm baixa qualidade e/ou manutenção cara. A economia feita na hora da compra se perde nos custos de mantê-lo.

Alternativas possíveis

1 – Investir algum dinheiro extra em um automóvel de marca mais conceituada e alguns equipamentos mais essenciais, levando um produto mais completo.

2 – Ir ao mercado de usados e pesquisar um carro mais antigo e em bom estado de conservação, mas que atenda melhor suas necessidades.

2. O pai/mãe de família que anda de carro cheio

Este perfil sempre anda de carro cheio, mas insiste em andar em um hatch compacto 1.0, totalmente inadequado às suas necessidades. Adora descer para a praia com a criançada, mas sofre com a falta de espaço interno e o motor fraco nas subidas e ultrapassagens. Sonha com uma minivan potente e espaçosa, mas o orçamento é apertado.

Submete a família ao desconforto por não enxergar a possibilidade de comprar um veículo dentro de seu orçamento.

Alternativas possíveis

1 – procurar um veículo zero quilômetro na mesma faixa de preço, se baseando no critério de maior espaço interno e porta-malas, como um sedã compacto menos equipado.

2 – Gastar um pouco mais em um modelo maior e mais potente, mas que atenda bem as suas necessidades.

3 – Caso o dinheiro esteja curto, a melhor opção é adquirir um veículo usado com as características necessárias e de boa procedência. Só não vale espremer a família em um carro desconfortável.

3. O estradeiro que anda de carro “mil”

Frequentemente, este cliente trabalha com o carro, como vendedor ou fazendo entregas. Muitos residem em cidades do interior, trafegando predominantemente em rodovias, de uma cidade a outra. Para este motorista, a busca pela economia é primordial, dado que o veículo se trata de ferramenta de trabalho e a despesa com combustível reduz a renda mensal.

Porém, um equívoco comum reside na crença de que o motor de 1 litro sempre economiza combustível. Circulando predominantemente na cidade, ela ocorre, mas em percursos rodoviários o senso comum não funciona.

A maioria dos modelos que possuem opções de propulsores 1.0, 1.4 e 1.6, o consumo rodoviário costuma ser inferior nas unidades de maior cilindrada, pois o motor trabalha em menor rotação por conta da maior oferta de potência e torque.

Neste caso, o adicional desembolsado pela versão mais potente retorna pela economia de combustível na estrada, somado ao benefício de adquirir um veículo mais confortável e com melhor desempenho nas acelerações e retomadas.

Alternativa possível

Gastar um pouco mais na versão mais potente, e o dinheiro será recuperado com a economia de combustível.

Este artigo abordou o desempenho dos motores 1.0: O carro 1.0 é sempre mais econômico?

4. O antigomobilista

Muitas vezes este consumidor ama carros antigos, e sua paixão é tamanha que ele opta por usá-los diariamente, mesmo podendo comprar um veículo novo. Os inconvenientes se tratam do baixo nível de conforto, escassez de equipamentos e baixa confiabilidade mecânica.

Estes motoristas estão em oficinas e lojas de autopeças o tempo todo e não se importam de sanar um problema diariamente, com as ferramentas que carrega no veículo. Os gastos costumam ser altos, apesar do baixo preço das peças. Tais veículos precisam de manutenção regular, sempre têm “alguma coisa para fazer” e consomem mais combustível.

Frequentemente, seus amigos e familiares clamam pela aquisição de um modelo mais moderno e confiável, mas pelo apego ao “clássico” o torna inflexível aos apelos.

Alternativa possível

Adquirir um veículo moderno para o uso diário e rodar menos com o(s) antigo(s), garantindo sua preservação, segurança e economia em peças e oficinas. Para aqueles que têm esta opção à disposição, usar o transporte público para ir ao trabalho e reservar o clássico para as horas de lazer fará a família mais contente.

OS “SUPERDIMENSIONADOS”

Este grupo adquire um veículo caro, grande ou sofisticado demais e entra em apuros financeiros ou, na melhor das hipóteses, desperdiça dinheiro e padece de problemas de manutenção, dirigibilidade ou escolha inadequada por conta da busca por status, design exuberante ou apenas pela falta de pesquisa adequada.

Aos cinco arquétipos abaixo, a recomendação vai de encontro ao dos “subdimensionados”: recuar um pouco e trocar por um modelo mais simples.

1. A(o) solteira(o) que roda em um SUV somente no asfalto

Estes consumidores rodam sozinhos na maior parte do tempo, raramente viajam e nunca andam em estradas de barro e cascalho. Compram SUV´s somente pelo design, pelo status e pela imponência, ignorando suas necessidades essenciais. Tais veículos possuem consumo elevado, manutenção cara e ocupam muito espaço nos lugares públicos.

Sua performance costuma ser inferior e a estabilidade fica prejudicada pela altura. Estacionar o veículo em vagas é um suplício e mantê-lo custa mais caro em comparação às de um automóvel.

Assim, os utilitários são recomendados apenas para quem trafega com muitas pessoas e/ou carga, em cidades de pavimento ruim ou vias não pavimentadas.

Alternativa possível

Adquirir um veículo menor e menos dispendioso, como um sedã médio, uma perua, ou mesmo um compacto. O ganho de desempenho, a agilidade, a facilidade de dirigir e estacionar, junto com as menores despesas certamente trarão vantagens.

Este post explica as consequências desagradáveis da compra emocional e não planejada

 Os perigos de comprar um veículo com base apenas em design

Estes explicam as peculiaridade dos utilitários esportivos:

Antes de comprar um SUV, você precisa saber disso

Os riscos de dirigir um utilitário esportivo (SUV)

Carros com estepe na tampa traseira: por que evitar

2. Aquele que gasta mais de 30% de sua renda mensal com o veículo

Este é o erro mais grave. Muitas pessoas desejam um carro vistoso e acabam exagerando nos gastos para adquiri-lo. Assumem financiamentos intermináveis e se baseiam apenas no valor da parcela como despesa, negligenciando os demais gastosssss.

Entram em desespero quando as outras despesas aparecem, tais como combustível, IPVA, seguro, revisão, multas, estacionamento, dentre outras. No final de cada mês, despendem mais da metade de seus ganhos para sustentar seu “filho” e criam problemas para si mesmos, comprometendo outras demandas.

Alternativa para fazer o quanto antes

Substituir o veículo por outro mais barato, de preferência comprado à vista e de baixa manutenção. Não vale a pena tanto sacrifício por um bem de consumo que desvaloriza rapidamente.

3. Aquele que compra apenas pelo design, status e posicionamento

Este erro é quase tão grave quanto o anterior, pois um carro possui muitas variáveis além da estética. Preço de compra, prêmio do seguro, custos de manutenção, confiabilidade mecânica, potência do motortecnologia embarcada, equipamentos, desvalorização, facilidade de revenda, imagem da marca, dentre tantas que posso citar.

A aquisição emocional, baseada apenas na aparência chamativa e o status que o veículo proporciona, sem considerar os demais aspectos, geralmente termina e arrependimento e prejuízo.

Alternativa necessária

Antes de fechar a compra, pesquisar bastante sobre as marcas e modelos disponíveis no mercado, levantar os custos, avaliar a reputação do fabricante e fazer o test drive em todos os veículos de seu interesse. Tirar as próprias conclusões, após obter sua própria percepção. Caso tenha dúvidas ou acredite que não consiga fazer sozinho, peça ajuda de um especialista. 

Estas matérias do blog Dinheirama.com, escritas pelo consultor automotivo Leandro Mattera trata a compra por status com a devida seriedade:

O brasileiro não é apaixonado por carros, é apaixonado por status

Você juntaria R$ 1 mil por mês (durante 6 anos) para comprar um Fiesta 1.0?

4. Consumidor que acredita que o preço alto é garantia de qualidade

Um atalho muito utilizado por consumidores sem vontade de pesquisar de forma criteriosa reside na crença de que o modelo mais caro é sempre melhor. Este padrão procede em muitos casos, mas pode levar o comprador a fechar péssimos negócios em outras ocasiões.

Vender um veículo de categoria inferior por um valor mais alto apenas devido ao acréscimo de equipamentos extras ou mudanças no design. Ou simplesmente por que o modelo caiu nas graças do mercado e sua procura gera fila de espera.

No frigir dos ovos, o cliente paga o preço de um médio por um veículo compacto. Existem no mercado veículos muito caros, acima dos R$ 100 mil, sem equipamentos essenciais como controles de tração e estabilidade, ou acessórios comuns em modelos baratos como sensores de ré e faróis de acendimento automático.

Alguns foram projetados há mais de vinte anos, mas são vendidos muito acima do razoável por conta da força da marca ou modelo. Outros são vendidos no Brasil como modelos de luxo por valores exorbitantes, mas são considerados veículos populares em seu país de origem.

Alternativa necessária

Idem ao item anterior: pesquisa. Não se basear apenas no preço de compra para definir qualidade, pois como o mercado e a consciência do consumidor brasileiro e ainda estão em desenvolvimento, pois há muitas armadilhas que os fabricantes fazem. Eles sabem que o preço interfere na percepção de qualidade, e alguns vendem gato por lebre.

Leia também:

Os preços dos carros no Brasil são absurdos, mas alguns são mais que outros. Veja como ser menos explorado.

5. Escolher o modelo com base apenas no prestígio da marca

Abro uma exceção para aqueles que são fãs de uma determinada marca e não se importam em ter gastos adicionais e/ou levar um produto inferior pelo amor à montadora, pois estes sabem o que estão fazendo. Este consumidor é conhecido como fanboy, e se mostra inflexível em suas preferências. O post abaixo mostra como ele compra carros.

Mas o consumidor comum precisa fazer uma vasta pesquisa, a fim de verificar o melhor custo/benefício ou alguma característica de um modelo que o agrade mais, sem apego a marcas. Muitas marcas conceituadas e mesmo premium têm variações de qualidade, custos e valor percebido entre seus modelos. Isso quer dizer que, dentro da mesma marca, alguns modelos são valorizados e outros são rejeitados pelo mercado.

Solução necessária

O fabricante se mostra um parâmetro importante na escolha de um veículo, mas a compra deve ser analisada modelo a modelo. Frequentemente, um veículo consagrado possui concorrentes mais baratos, equipados e baratos de manter. Uma marca pode ter boa reputação, mas aluns veículos podem ser “micos”. A análise deve ser feita individualmente, evitando o atalho de marca x é melhor.

Leia também: Preço dos carros no Brasil: um motivo ignorado pela maioria

O MODELO CERTO PARA AS SUAS NECESSIDADES

Pode-se citar vários outros casos de veículos inadequados. Assim, conclui-se que a educação automotiva trará grandes benefícios aos consumidores, levando a compras mais eficientes. Elas devem atender melhor as necessidades individuais, dentro das possibilidades financeiras.

O cliente instruído fará os fabricantes subirem o nível de qualidade dos veículos a valores justos. Ele fará a análise de todo o impacto financeiro durante a posse do veículo, além de todo o trabalho em mantê-lo em boas condições.

Evitando esses erros acima, a chance de escolher o carro certo para você se aproxima dos cem por cento.

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