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Lembranças automotivas da minha infância, parte 5

Nesta parte 5, a pauta é design e acessórios. Como todos se recordam, os anos 80 foram a era do design “quadradão”, de linhas retas. À época, tais linhas eram vistas como futuristas e eficientes, mas como toda a moda e decoração daquele período, passaram a ser vistas como excêntricas e de gosto duvidoso poucos anos depois.

Por outro lado, a década de 80 viveu uma efervescência musical e cultural, fato pelo qual os automóveis são lembrados com carinho por aqueles que viveram naqueles tempos bicudos, mas marcantes. Este post retratará as opções de estilo adotadas pela indústria.

As fotos contidas neste post retratam o design retilíneo característico do período das roupas multicoloridas, dos cabelos armados e figurinos ousados de Michel Jackson, Madonna, Guns ‘n’ Roses, Tina Turner e companhia. Naquela época os brasileiros se emocionaram com a Fórmula 1, os títulos de Ayrton Senna e as disputas com Alain Prost, Nelson Piquet e Nigel Mansell.

A importação de automóveis era proibida pelo governo, com o objetivo de proteger a indústria nacional. Por isso, os modelos nacionais dominavam as ruas, apesar da grande defasagem tecnológica em relação aos vendidos no primeiro mundo. O modelo abaixo, o Ford Del Rey, representa a essência do design da década de 1980.

del rey

A única montadora em série genuinamente nacional, a Gurgel, nasceu no final dos anos 70 e encerrou as atividades na fábrica de Rio Claro, SP, em 1994, sucumbindo à chegada dos importados após a reabertura promovida pelo então presidente Fernando Collor. Os modelos mais famosos foram o Carajás, Tocantins (foto abaixo), X-12 e BR800.

Devido à escassez de aço no mercado nacional, sua carroceria era fabricada em fibra. Essa característica se mostrou uma grande vantagem em regiões litorâneas, pois o veículo não fica sujeito à corrosão. Em estados da região nordeste, ainda encontramos considerável quantidade de carros da Gurgel circulando.

gurgel

No design do interior dos veículos, a tendência era o marrom entre o final dos anos 70 a meados dos 80. Na maioria dos modelos, as versões de entrada e intermediárias possuíam interior preto com bancos de vinil ou tecido simples, enquanto as topo de linha recebiam bancos de veludo na cor marrom, e os plásticos de acabamento acompanhavam a tonalidade, como na foto abaixo, do Chevrolet Chevette.

interior marrom

Do final da década de 80 até meados dos 90, o interior de veludo cinza equipava os nacionais mais completos, como Chevrolet Monza SL/E (foto abaixo) e Classic e VW Santana GLS/GLSi. Com a chegada dos importados, o revestimento em couro passou a ser o mais desejado pelos consumidores, pois se mostrava o padrão em veículos de luxo como Mercedes-Benz e BMW.

interior monza

Confira neste post as cores e padrões de design que foram tendência em toda a história da indústria.

Os SUV´s ainda não haviam entrado em nosso mercado, pois haviam sido introduzidos há pouco tempo nos mercados maduros. Porém, o brasileiro sempre usou sua criatividade e criou sua versão tupiniquim: as picapes transformadas. Elas consistiam em picapes grandes, como Chevrolet D-20 e Ford F100 e F1000, que recebiam cobertura na caçamba, bancos traseiros e tapeçaria idêntica a de um automóvel de passeio. Empresas como Souza Ramos, Tropical, Brasinca, dentre outras, exploraram este nicho deixado pelos órfãos da Chevrolet Veraneio. A foto abaixo mostra uma picape transformada, legítimo predecessor dos SUV´s.

transformada

Entre os acessórios, o must have da época era o rádio toca-fitas, sem a menor sombra de dúvida. Os modelos da Roadstar e Moto Radio eram os mais desejados. Os mais aficionados por som automotivo ainda instalavam módulos de potência, equalizadores Tojo e falantes Selenium de alta fidelidade.

equalizador

Um ponto negativo da década de 80 foi a escalada da violência e criminalidade, o que incluía roubos de carros e toca-fitas. Para evitar os furtos, os fabricantes passaram a oferecer os rádios de gaveta, os quais eram somente encaixados no painel. Ao estacionar o veículo na rua, o dono levava o aparelho na bolsa. Posteriormente, foi introduzida a frente removível, no qual o aparelho permanecia no veículo e somente o painel frontal do rádio era destacado, aumentando a praticidade.

radio gaveta

Rádio de gaveta

A oferta de acessórios se mostrava bastante restrita se comparada aos dias de hoje. Excetuados os relacionados a som automotivo, haviam lanternas fumê, faróis de lentes amarelas, luzes auxiliares, calhas de chuva e os primeiros alarmes antifurto, os quais consistiam em simples aviso sonoro. Nos anos 90, as versões que cortavam a alimentação do veículo apareceram, melhorando a eficiência.

O destaque fica para as antenas, que consistiam de hastes compridas que costumavam ser recolhidas ao estacionar. Proprietários de veículos antigos certamente se recordam dos prejuízos com antenas entortadas por vândalos ou ao entrar em garagens de teto baixo. Antenas elétricas retráteis eram acessórios de luxo, disponíveis apenas nas versões topo de linha. As mais sofisticadas subiam e recolhiam a haste ao ligar ou desligar o rádio.

A cereja do bolo dos acessórios eram as rodas esportivas, de liga leve. Todos os jovens as desejavam pela considerável melhoria estética que traziam, além da (falsa) promessa de melhoria de performance. Modelos como as rodas gaúcha, cruz de malta, pingo e orbital fazem sucesso até os dias de hoje. Abaixo, um catálogo de rodas de liga leve da época.

rodas

Apesar da baixa durabilidade e altos custos de reparo, rodas esportivas eram a menina dos olhos dos motoristas. Os primeiros modelos importados chegaram nos anos 90, de marcas como BBS e Enkei, os quais equipavam versões esportivas de veículos de luxo alemães como BMW M3 e a linha AMG da Mercedes. Apesar de caríssimas, a possibilidade de equipar seu VW Gol ou Chevrolet Monza com elas foi uma revolução.

Para concluir esta matéria, segue abaixo uma galeria de fotos de alguns veículos muito populares no mundo na década de 80.

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Leia as conclusões finais ==>

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