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Memórias automotivas da minha infância – Parte 6

rodovias nos anos 80

Nesta série de posts sobre as lembranças automotivas da minha infância, abordei tudo sobre o mundo automotivo dos anos 1980 e 1990, com suas belezas e dificuldades, tecnologias e peculiaridades. Assim como a notável evolução ocorrida neste ínterim de duas décadas.

Para arrematar a sequência de posts, o assunto consiste nas condições das vias daqueles tempos.

Nossas ruas, avenidas e rodovias estão longe daquilo que gostaríamos, no padrão europeu, mas o estado de conservação se encontrava muito pior no passado.

As principais estradas do país tinham buracos em toda a sua extensão, chegando a virar estradas de terra em alguns pontos, pois o asfalto havia sido totalmente erodido por conta da falta de manutenção e excesso de caminhões. Rodar acima de 60 km/h se mostrava um risco em qualquer uma delas, pois era comum ter pneus e rodas danificados pelas irregularidades do piso.

Rodovias que ligavam o Brasil de norte a sua, como as BR-101 e BR-116, possuíam apenas uma pista em cada sentido em praticamente toda sua extensão, sempre abarrotada de caminhões. Ultrapassagens se mostravam muito arriscadas devido às limitações técnicas dos veículos da época, o que transformava uma viagem mais longa em uma aventura.

Naquele tempo, havia poucos postos de gasolina nas estradas. Ao encontrar um, encher o tanque era mandatório, pois era comum rodar quase cem quilômetros sem uma parada sequer. Uma pane seca em uma estrada desconhecida se mostrava um problema seríssimo, pois somente outros motoristas ou caminhoneiros poderiam fornecer socorro.

Alguns motoristas carregavam galões de gasolina no porta-malas para emergências próprias ou alheias, para suprir a falta de pontos de abastecimento.

A mortalidade nas estradas se encontrava em patamares altíssimos, acima de 60 para cada 100 mil habitantes, devido à completa ausência de itens de segurança nos veículos. Somava-se a isso hábitos como dirigir alcoolizado, não usar cinto de segurança e levar crianças no banco dianteiro, sem cadeirinha ou assento.

Nas cidades, não era muito diferente. O pavimento tinha buracos por todos os lados e havia poucas placas de sinalização. Nos bairros mais afastados, muitas ruas ainda eram de terra ou cascalho. O guia de ruas, um livro com os mapas urbanos utilizado até o aparecimento do GPS, se mostrava fundamental para chegar aos destinos.

A sinalização era precária em quase todos os lugares. As poucas placas de velocidade, indicação de mãos e os semáforos eram tudo o que tinha. Indicação de caminhos e distâncias era algo impensável naqueles tempos, nos quais muitas avenidas não tinham faixas brancas ou amarelas pintadas no chão.

Viajar para o interior significava a certeza de andar em estrada de terra ou cascalho, quando não na lama. Nas cidades menores, somente as avenidas principais eram pavimentadas. Para chegar aos lugares, ser rebocado por um Jeep ou uma Rural Willys consistia em rotina.

Enfim, nossas ruas e estradas continuam sofríveis com suas lombadas, valetas, buracos e costelas de vaca, mas aqueles que viram a redemocratização do Brasil, a queda do Muro de Berlim, o primeiro Rock in Rio e choraram a derrota da seleção de 82 certamente se lembrarão da precariedade dos veículos e vias daquela época. Guardamos muitas boas lembranças, mas a conservação das rodovias não é uma delas.

Confira os outros posts da série Lembranças automotivas da minha infância:

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

Leia também: Despedida do Monza, um dos carros mais queridos dos anos 80 e 90, e a história do VW Santana, Fiat Uno e Ford Escort.

Assista os comerciais do Escort XR3, VW Gol e Chevrolet Omega.

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