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Turbo ou híbrido, qual o melhor?

 

Este mês, foram lançadas as novas gerações do Chevrolet Cruze e Honda Civic, ambos equipados com blocos turbo em todas as versões do modelo americano e na top de linha do japonês, como já relatado no post Novos Cruze e Civic trazem motores turbo.

A Volkswagen já trabalha com motores turbo há quase vinte anos, desde os modelos Passat B5 e Golf IV. Por sua vez, a Toyota afirmou que seu best-seller Corolla não será equipado com propulsores sobrealimentados, mas toda sua linha se tornará híbrida, como seu irmão Prius, a partir da próxima geração, a qual estreia em 2020.

Assim, cria-se um dilema para o consumidor. O que vale mais a pena, comprar um modelo turbo ou um híbrido?

Em alguns casos, o fabricante oferece as duas opções de motorização, como a Ford em seu sedan grande Fusion, com versões aspirada, turbinada e híbrida. A despeito da grande diferença de preços, o dilema é uma realidade para os consumidores de veículos premium.

Leia também:  7 motivos para comprar um carro híbrido

O objetivo deste post reside em auxiliar o motorista a compreender as características, vantagens e desvantagens de cada um dos tipos de propulsores, separados em tópicos e detalhados minuciosamente. Vamos começar a detalhar os motores aspirados, turbinados e híbridos:

Aspectos financeiros

Preço de aquisição

Aspirados: Devido à tecnologia menos avançada, modelos equipados com motores aspirados são mais acessíveis, sem sombra de dúvida, mesmo com a grande variação de nível tecnológico. Ainda encontramos motores de 2 válvulas por cilindro (8 válvulas) e comando simples em modelos de entrada.

Turbo: Para entregar sua principal vantagem, bom desempenho aliado a baixo consumo de combustível, blocos sobrealimentados possuem alto nível de tecnologia, com comandos duplos e variáveis, injeção direta, intercooler, sistema start-stop e tudo o que há de mais avançado em tecnologia.

Obviamente, tal refinamento infla o preço de aquisição, tornando os modelos turbo pelo menos 20% mais caros que seus similares aspirados. Modelos populares já são equipados com estes propulsores, como o VW up! TSI..

Híbridos: A despeito de utilizar tecnologias diferentes dos modelos turbo, também representam o que há de mais avançado. Entretanto, por serem movidas a eletricidade e gasolina, de forma complementar, possuem um componente que, sozinho, representa um terço do custo do veículo: as baterias.

Em comparação aos três tipos de propulsão, os híbridos e elétricos se mostram os mais custosos devido ao conjunto citado.

Resumo: Aspirado: $; Turbo: $$, Híbrido: $$$.


Custos de manutenção

Aspirados: novamente o mais acessível, devido à tecnologia consolidada, amplo conhecimento dos reparos pelos profissionais e peças abundantes, motores aspirados tendem a ter menores custos de manutenção.

Apesar de sua enorme variedade de arranjos mecânicos e níveis de tecnologia, desde motores a ar até modelos mais avançados, com grandes variações de valores entre si, aspirados exigem menos dinheiro na manutenção preventiva e corretiva.

O número de válvulas dos motores interfere no custo de manutenção. Aprenda mais sabendo a diferença entre os motores de 8 e 16 válvulas.

Turbo: Devido ao fato de serem o estado-da-arte* em evolução tecnológica, cujo intuito é obter o melhor desempenho e eficiência, componentes como óleo, filtros, velas e agregados do motor custam mais caro, resultando em manutenção preventiva mais dispendiosa. Em caso de haver necessidade de reparos, peças como cabeçote, pistões, bielas, bronzinas, dentre outras, possuem preços muito superiores ao dos propulsores convencionais, pois suportam esforços e temperaturas maiores. Em suma, se deseja ter um veículo com motor turbo, prepare o bolso.

Híbridos: Todos que conhecem equipamentos elétricos como motores estacionários ou pequenos veículos a bateria sabem que eles exigem muito pouca manutenção. O mesmo acontece com os automóveis híbridos e elétricos, tornando seu custo de rodagem inferior aos modelos a combustão. Sua confiabilidade também costuma ser maior, com menos quebras, pois possuem menos partes móveis. A ressalva fica por conta das baterias, pois seu custo se mostra muito elevado, de cerca de um terço do valor do veículo. Uma falha nelas em uma unidade com cinco anos pode resultar em uma despesa maior que seu valor de mercado. Assim, conclui-se que um híbrido bem cuidado gera poucos gastos.

Resumo

Manutenção preventiva: Aspirado: $$; Turbo: $$$; Híbrido:$

Manutenção corretiva: Aspirado: $; Turbo: $$; Híbrido: $$$

Este artigo aborda os cuidados a se tomar com motores turbo e como aproveitar todos os benefícios que estes motores podem oferecer.

Seguros, Taxas e Impostos

Aspirados: Não existe padrão relacionado a modelos aspirados, pois são mais de 95% de todos os veículos em circulação. Pagam as alíquotas normais de IPVA e não têm isenção de taxas ou regulações.

Turbo: Devido ao seu custo mais alto de manutenção, performance superior e o fato de a maioria dos modelos se situarem nos segmentos premium, seu seguro tende a ser mais caro que os modelos aspirados. Também pagam IPVA cheio e não há nenhum tipo de incentivo para eles no momento, apesar de serem mais eficientes e menos poluentes que os modelos aspirados.

Híbridos: No que concerne a preço de seguro, não há diferenciação dos demais modelos. Por outro lado, alguns estados reduzem as alíquotas de IPVA pela metade e na cidade de São Paulo, são isentos do rodízio municipal. Em um futuro próximo, devem receber incentivos tributários para estimular sua venda, por se tratar de veículos menos poluentes e mais eficientes.

Resumo: Aspirado: $$; Turbo: $$$; Híbrido:$

Consumo de combustível

Aspirado: Devido à tecnologia menos avançada, tende a consumir mais combustível em comparação a modelos sobrealimentados e híbridos. Existem diversos modelos de baixa tecnologia bastante econômicos devido à simplificação, como baixo peso, ausência de acessórios como ar condicionado e direção assistida e acabamento espartano.

Por outro lado, muitos modelos se mostram bastante vorazes, como automóveis e utilitários grandes e pesados com motores de seis e oito cilindros. De todos, o menos eficiente.

Uma dúvida muito comum sobre a influência do combustível no consumo e desempenho dos motores pode ser dirimida no post abaixo:

Por que um motor a álcool consome mais que outro a gasolina? E por que o diesel consome menos que os outros dois?

Turbo: A grande inovação dos sobrealimentados reside em entregar melhor desempenho com baixo consumo de combustível, além de serem mais leves e compactos em relação aos blocos convencionais. Propulsores sobrealimentados de quatro cilindros estão substituindo os V6 aspirados e até alguns V8, e modelos de três ou até dois pistões entram no lugar dos quadricilíndricos. Este fenômeno é conhecido como downsizing. 

A substituição de blocos de aspiração natural por sobrealimentados costuma reduzir em pelo menos 20% o consumo e combustível com forte ganho de aceleração, retomadas e velocidade máxima, especialmente com a ajuda de câmbios de seis ou mais marchas. Em rodovias, pode-se encontrar modelos de quase duas toneladas rodando mais de 20 quilômetros com um litro de combustível, e até 30 km/l, no caso dos compactos a diesel europeus. Um grande salto de eficiência.

Híbridos: O supra-sumo da economia. De todos os modelos, é o mais econômico em circuito urbano. Um motorista treinado, com o pé bem leve, pode percorrer mais de 100 quilômetros sem gastar uma gota de combustível, rodando apenas no modo elétrico. Para efeitos de homologação, o novo Toyota Prius conquistou a média de 18,9 km/l, mas a economia pode ser muito maior na vida real.

Um bom condutor roda em torno de 25 km/l com facilidade, mas há relatos de percursos com médias superiores a 60 km/l. O ponto fraco desta propulsão consiste no consumo rodoviário, similar aos modelos a combustão. Como o motor elétrico não entrega potência suficiente para rodar a mais de 100 km/h, o motor a combustão funciona em tempo integral na estrada. No final, o modelo híbrido entrega a melhor média de consumo entre todos.

Resumo: Aspirado: $$$; Turbo: $$; Híbrido:$

Leia também:  Carros híbridos e elétricos: você terá um em breve

Desempenho e Meio Ambiente

Performance

Aspirado: Novamente, a enorme diversidade de tipos de motores aspirados gera todo tipo de desempenho, desde modelos antigos com menos de 10 cv até superesportivos aspirados de mais de 1.000 cv.

Modelos aspirados costumam ter múltiplas opções de motorização a gasolina, flex ou diesel, gerando muitas combinações de desempenho e consumo. Híbridos costumam ter conjunto único, devido à sua complexidade.

Na média, carros com motores aspirados aceleram e retomam menos que seus rivais turbinados, mas costumam andar mais que os híbridos supereconômicos. Desempenho intermediário.

Turbo: Hodiernamente, caiu o mito de que o turbo serve apenas para trazer alto desempenho. A evolução da tecnologia visa mais a economia e redução de emissões, e o bom desempenho se mostra apenas um efeito subsidiário.

De qualquer forma, um motor sobrealimentado de baixo rendimento se tornou algo raríssimo com o aparecimento das tecnologias de geometria variável e injeção direta e  injeção direta, quase sempre batendo seus rivais de aspiração atmosférica.

A grande maioria dos superesportivos utiliza o turbocompressor, a exemplo da pioneira Porsche, a qual o estendeu para toda sua gama, não apenas a versão topo de linha. Na Europa, a Volkswagen incorporou o turbo em todos os modelos, e os demais fabricantes devem fazer o mesmo. Turbo e alta performance são sinônimos.

Híbridos: Seu foco na economia e redução de emissões coloca o desempenho em segundo plano. Na prática, motores elétricos entregam ótimo torque e proporcionam boas arrancadas e retomadas.

Em circuito urbano, se mostram prazerosos de dirigir, ágeis e confortáveis. A objeção fica por conta do forte aumento de consumo na direção esportiva de modelos híbridos. Uma tocada tranquila gera autonomia superior a 150 km sem necessidade de recarga. Modelos mais recentes já beiram os 400 km.

Entretanto, a direção agressiva pode reduzir a autonomia para menos de 70 quilômetros e anular a vantagem competitiva da eletricidade. Na rodovia, sua potência limitada não  os permitem desenvolver grandes velocidades sem o auxílio de uma unidade a combustão.

Superesportivos híbridos

Quem busca performance não encontrará prazer nos modelos elétricos e híbridos convencionais, bastante focados em economia. Por sua vez, superesportivos utilizam a propulsão híbrida em escala crescente, inspirados no sistema KERS dos monopostos de Fórmula 1.

Inquestionavelmente, o torque generoso dos motores elétricos, disponíveis a partir de 1 rpm, têm reduzido as acelerações e retomadas de maneira rápida e contribuindo para entregar dirigibilidade excepcional. Em um futuro próximo, todo esportivo de prestígio será movido por propulsão híbrida.

Resumo: Aspirado: >>; Turbo: >>>; Híbrido: >

Emissões de poluentes:

Aspirados: A mesma lógica do desempenho vale para as emissões de gases. Ressalvada a enorme diversidade de motores e tecnologias, há modelos que emitem estratosféricos 6.000 g/km (seis quilos de CO2 por quilômetro!), caso de modelos diesel antigos, e modelos compactos recentes que poluem abaixo dos 100 g/km.

No geral, aspirados emitem mais que seus concorrentes sobrealimentados ou movidos a eletricidade.

Turbo: Suas versões modernas têm como trunfo melhor eficiência energética e menor emissão de gases poluentes. Com as novas leis mais rígidas, motores aspirados tendem a cair em desuso. Pode-se encontrar modelos de luxo de mais de 300 cv emitindo cerca de 100 g/km, algo inviável sem o caracol mágico.

Híbridos: Sem dúvida, a motorização híbrida tem como principal missão a preservação do meio ambiente, ao lado da economia de derivados do petróleo. Nasceu para isso e vive para isso. Possibilita emissões tão baixas como 40 g/km ou 58 g/km.

Modelos plug-in (que podem ser carregados na tomada, como um celular) poluem ainda menos, e os elétricos literalmente não emitem gases tóxicos, exceto na geração da eletricidade, se for o caso.

Por isso, são batizados com nomes que remetem ao meio ambiente e eletricidade, como Leaf (folha), Volt (medida de tensão elétrica) e Tesla (inventor da corrente alternada).


Vantagens e Desvantagens

Após a detalhada explanação acima, segue um quadro-resumo das vantagens e desvantagens de cada tipo de motorização.

Aspirados

Vantagens: 

  • Manutenção fácil e barata.
  • Abundância de peças
  • Simplicidade mecânica, na maioria dos casos
  • Baixo preço de aquisição
  • Grande variedade de tipos e modelos
  • Consolidado no mercado

Desvantagens:

  • Menor confiabilidade
  • Menor durabilidade
  • Menor eficiência energética
  • Maior consumo de combustível
  • Maior emissão de poluentes
  • Maior frequência de manutenção
  • Tecnologia ultrapassada

Turbo

Vantagens:

  • Ótimo desempenho
  • Excelente dirigibilidade
  • Baixo consumo de combustível
  • Menor emissão de poluentes
  • Tecnologia de ponta
  • Pode vir a receber incentivos tributários no futuro

Desvantagens:

  • Manutenção mais cara
  • Mais sensível, exige que funcione por 90 segundos antes de começar a andar. Entenda mehor lendo a matéria sobre os Cuidados a se tomar com motores turbo
  • O plano de manutenção deve ser seguido à risca
  • Poucos mecânicos sabem repará-lo
  • Mais sensível a combustível ruim, por ter injeção direta
  • Tecnologia recente, não consolidada

Híbridos

Vantagens:

  • O mais econômico de todos
  • Se for plug-in, fica ainda mais econômico
  • No modo elétrico, não emite ruído de motor
  • Baixíssimas emissões, podendo chegar a zero
  • Boas arrancadas e retomadas na cidade
  • Exige menos manutenção preventiva
  • Paga metade do IPVA e é isenta de rodízio em São Paulo
  • Pode vir a receber incentivos tributários no futuro
  • Tecnologia moderna, de ponta

Desvantagens:

  • Para se obter máxima economia, o desempenho é inferior aos demais
  • Em direção esportiva, o consumo aumenta muito
  • Não existem mecânicos independentes, a manutenção só pode ser feita em concessionária
  • Atenção com as baterias, que custam um terço do veículo e devem ser trocadas entre cinco e dez anos
  • As baterias ainda são muito volumosas, ocupando espaco no porta-malas, o qual é menor que seus concorrentes
  • As baterias são pesadas, comprometendo o desempenho
  • Seu crescimento no mercado depende da evolução tecnológica e redução de custos das baterias
  • Na estrada, o consumo é similar a um modelo comum
  • Tecnologia nova, em desenvolvimento, pode sofrer muitas mudanças em um futuro próximo

Este artigo detalhou, de forma sucinta, as principais características dos motores turbo e híbridos está contido nesse post. Leia também outros artigos do Educação Automotiva sobre motores turbinados e híbridos:

O que significa a sigla 200 TSI do novo Polo?

8 grandes mudanças tecnológicas que os gearheads terão que aceitar

7 motivos para comprar um carro híbrido

Cuidados a se tomar com motores turbo

Dica importante para aumentar a durabilidade do motor do seu carro

Carros híbridos e elétricos: você terá um em breve

6 tecnologias que fazem carros grandes consumirem o mesmo (ou menos) que populares


*Estado-da-arte: os motores concebidos com toda a tecnologia mais avançada disponível até o momento.

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