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Os 8 requisitos mais importantes para escolher um carro zero

Uma das principais razões do alto preço e baixa qualidade dos carros vendidos no Brasil é o limitado conhecimento sobre carros do consumidor médio. Ignorando características elementares e importantes dos veículos, más escolhas são feitas diariamente ao se observar apenas o preço de compra, design, equipamentos de conveniência e valor da parcela.

No caso de modelos mais antigos, compreende-se as limitações técnicas das décadas passadas, obrigando o comprador a reduzir seu nível de exigência. Assim, grande parte do conteúdo deste artigo não pode ser aplicado.

Lamentavelmente, veículos zero quilômetro defasados em relação aos mais modernos ainda podem se encontrados em nosso mercado, impondo ao futuro proprietário uma pesquisa mais aprofundada e detalhada. Sem a informação adequada, corre-se o risco de pagar muito caro por um automóvel de baixa qualidade.

Para escolher o carro ideal, o consumidor brasileiro precisa se atentar a estes 8 requisitos fundamentais para escolher um carro novo ou usado jovem, de até cinco anos de fabricação. Esta lista detalha cuidados simples que podem aumentar sua satisfação ao volante, economizar grandes quantias de dinheiro, evitar situações no qual o motorista fica na rua e, em casos mais extremos, salvar vidas. O primeiro item, logo abaixo, é o mais importante.

1 – NOTA OBTIDA NO CRASH TEST DA LATINNCAP

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Zero estrela. Exemplo de carro para não comprar por falta de segurança.

Os avanços técnicos na segurança veicular têm derrubado o número de fatalidades de motoristas de automóveis nos últimos anos. Aqueles motoristas que são pais ou mães de família devem redobrar a atenção a este item. Afinal de contas, o valor da vida e saúde de todos os membros da família supera qualquer outro requisito.

Em tese, nenhum modelo com baixas notas nos testes de impacto deveria ser comercializado. Infelizmente, como os preços atrativos (ainda) atraem muitos compradores, carros de segurança precária continuam sendo oferecidos – e comprados – em grande quantidade nos dias de hoje.

Em países como Alemanha e Japão, modelos inseguros são rejeitados pelos consumidores. Este texto aborda o que podemos aprender com estes clientes que já incorporaram a cultura da segurança veicular.

O motorista deve pesquisar as notas obtidas nos testes de impacto da LatiNCAP, as quais variam de zero a cinco estrelas. Os ensaios são realizados em laboratório, simulando um impacto frontal a 64 km/h em uma barreira rígida, atingindo 40% do capô.

Grosso modo, em um modelo com a pior nota, um acidente ocorrido à velocidade  de 64 km/h causaria o óbito ou graves ferimentos nos ocupantes. Por sua vez, os concorrentes com cinco estrelas preservam a integridade física de condutor e passageiros, os quais têm proteção garantida na maioria dos casos.

Neste primeiro item, o qual considero o mais importante, carros de até cinco anos de idade com nota inferior a quatro estrelas nos crash tests da LatinNCAP devem ser rechaçados.

Confira aqui as notas obtidas pelos 10 modelos mais vendidos no Brasil e os modelos mais seguros..

2 – EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA

segurança veicular airbags

Um desdobramento do primeiro item consiste na pesquisa sobre os itens de segurança ativa e passiva de cada modelo passível de compra. Os equipamentos obrigatórios por lei, a partir de 2014, são o airbag duplo e freios antitravamento (ABS). Na prática, quanto mais dispositivos de proteção, melhor.

O número de airbags diz muito sobre a preocupação do fabricante com a segurança do modelo. As bolsas infláveis custam caro e o consumidor brasileiro não as valoriza, de modo geral. Entretanto, elas precisam de uma estrutura bem construída para absorver o impacto.

Nos modelos de última geração, o emprego de aços de alta e altíssima resistência tem aumentado rapidamente. Ligas nobres com titânio, molibdênio e outros materiais também denotam cuidado com a segurança veicular. Pergunte ao vendedor sobre a forma de construção do veículo e seus materiais, pois os fabricantes que investem pesado fornecem treinamento específico sobre o tema, recebendo orientação a enfatizar este trunfo.

Para pais e mães de crianças de até dez anos, a presença do sistema Isofix é um item fundamental para ancorar cadeirinhas e boosters na estrutura do veículo, assegurando a proteção adequada em caso de colisão.

O modelos mais avançados são equipados com assistências eletrônicas como controles de tração, estabilidade e distribuição de frenagem, sensor ou câmera de ré, alerta de mudança de faixa, display holográfico (espelha as informações do painel no pára-brisa) e sensores de fadiga. Estes dispositivos ainda se encontram restritos a modelos premium e não são essenciais, mas contribuem significativamente com a melhoria da segurança.

3 – NÍVEL DE EMISSÃO DE POLUENTES

No futuro, a legislação de controle de emissão de gases poluentes tende a ficar cada vez mais rígida. A inspeção veicular se tornará obrigatória em breve, e a escolha de um modelo moderno e “verde” facilitará a vida do motorista em um futuro próximo. Pesquisar sobre as emissões de poluentes pode permitir ao consumidor o adiamento da troca do veículo por outro mais limpo.

A forma mais elementar de avaliar o nível de emissões de um veículo se mede em gramas de gás carbônico por quilômetro rodado (gCO2/km). Em testes de homologação e inspeções veiculares, outros poluentes mais nocivos são mensurados em testes mais elaborados. Conheça os principais gases tóxicos neste artigo.

Para aqueles que valorizam a consciência ambiental acima da economia financeira, aqui vai uma boa notícia. A maioria dos automóveis ecológicos também são mais econômicos. Assim, a escolha de um modelo de baixas emissões favorece outros aspectos por tabela.

Você sabe quanto gás carbônico seu carro atual ou com chances de ser seu emite por quilômetro percorrido? Confira aqui a tabela de eficiência energética do Procel e a quantidade de gramas de gás carbônico que o veículo produz a cada quilômetro rodado da tabela do Proconve.

4 – VALOR DO PRÊMIO DO SEGURO

Muitas vezes, escolhemos um modelo pelo gosto pessoal. Tudo vai bem até o momento de fazer a cotação do seguro, o qual pode reservar surpresas desagradáveis.

Neste item, deve-se ressaltar que o comprador deve conhecer previamente os valores do prêmios dos seguros, antes de se dirigir a qualquer loja. Não há problema em buscar um modelo de apólices caras, desde que haja conhecimento sobre este custo.

O erro a se evitar consiste em comprar o modelo sem pesquisa, após um rápido encantamento, de forma emocional. A alegria do momento pode se transformar em raiva e desespero após o retorno do corretor de seguros com o valor das apólices.

O valor da franquia pode variar muito entre concorrentes da mesma categoria, com preços de compra próximos ou até mesmo entre versões do mesmo modelo, em especial as esportivas ou aventureiras, as quais possuem mais adereços estéticos. O valor a ser pago para fazer reparos pode variar em até cinco vezes, a depender do item a seguir, o qual explica esta discrepância.

5 – ÍNDICE DE REPARABILIDADE

O índice CESVI de reparabilidade afere a facilidade de reparar um veículo avariado. Ele mensura o valor da cesta de peças de mecânica e funilaria, assim como a facilidade e rapidez na execução dos serviços, com base no projeto de cada modelo.

Eles formam a base do valor das franquias dos seguros e preços cobrados por mecânicos e funileiros para fazer a manutenção preventiva e corretiva. Para os compradores que pretendem permanecer na propriedade do veículo por muitos anos, um cuidado adicional reside em perguntar a profissionais sobre a facilidade de manutenção e disponibilidade de peças de reposição.

Em alguns modelos, a falta de peças sobressalentes pode obrigar o motorista a ficar sem o veículo por meses, enquanto espera a chegada dos componentes para a execução do reparo. Outros modelos possuem mecânica mais complexa, a qual pode multiplicar o custo de alguns serviços.

Um exemplo: a substituição do kit de embreagem de alguns modelos exige a retirada do motor, a fim de fazer a troca do componente, para depois recolocá-lo. Como há demanda de mais horas de trabalho e maior conhecimento, o valor desta manutenção costuma ser mais custoso em relação a outro modelo que dispensa essa operação.

Neste quesito, o erro está no desconhecimento dos custos e características da manutenção e reparo de cada veículo. Uma rápida conversa com reparadores e proprietários é suficiente para dirimir estas dúvidas.

6 – DESVALORIZAÇÃO E LIQUIDEZ

Escolher um automóvel depende das preferências e gosto individual. Alguns motoristas preferem um modelo de maior valor de revenda e liquidez, ao passo que outros não consideram este aspecto tão relevante. De qualquer maneira, todo consumidor deve buscar informações prévias sobre o mercado do veículo que deseja adquirir.

Boa parte dos brasileiros ainda acredita que automóveis são bens de investimento e priorizam opções de baixa desvalorização e facilidade de revenda, abrindo mão de suas preferências para focar nos aspectos financeiros. Mais uma vez, reitera-se a importância da pesquisa.

O erro a ser evitado é a decepção de ver o seu exemplar despencar a 40% do valor original em cerca de três anos, enquanto outros conservam mais de 60% do desembolso total. O motorista deve optar por dois caminhos: ou compra o modelo que deseja e aceita a desvalorização, ou escolhe outro que lhe agrada menos, mas tem maior aceitação no mercado.

Caso o consumidor tenha a sorte de ambos coincidirem, une-se o útil ao agradável e este requisito está cumprido.

Algumas nuances como a facilidade de encontrar concessionários da marca, peças de reposição e profissionais qualificados para fazer os reparos pesam bastante nas questões mercadológicas. O comprador também deve se atentar a algumas versões menos procuradas, cores muito chamativas e aos modelos rejeitados pelo mercado, conhecidos como “micos” (leia neste artigo sobre o porquê alguns carros viram “micos”).

Mesmo os modelos mais populares podem encontrar grande rejeição em algumas versões, como o Toyota Corolla “Brad Pitt” XLi 1.6, por se tratar de versão muito básica e pobre em equipamentos. Outro exemplo emblemático são os Volkswagen Gol Geração III com os motores 1.0 16V e 1.0 16V Turbo, propulsores de baixa robustez e manutenção bastante problemática.

7 – FICHA TÉCNICA BÁSICA

Ao selecionar um novo modelo, o consumidor precisa conhecer os dados técnicos essenciais para levar para a sua garagem o melhor modelo que puder. Neste aspecto, deve ficar claro que apenas a ficha técnica básica é essencial para evitar erros primários como levar para casa um modelo muito beberrão, de estabilidade deficiente ou de porta-malas muito pequeno.

Antes de visitar qualquer revenda, o comprador deve pesquisar informações como potência e torque do motor, dados de performance como a aceleração de 0 a 100 km/h, velocidade máxima, retomadas, consumo urbano e rodoviário, peso, tipo de suspensão e freios, espaço interno e capacidade do porta-malas, dentre outras informações simples.

Os dados são de fácil obtenção em publicações especializadas, desde as tradicionais e famosas até os pequenos sites e blogs de aficionados pelo possível modelo, os quais descrevem com riqueza de detalhes os prazeres e percalços da convivência com o veículo. Com o advento da internet, todo tipo de informação sobre os modelos está  abundantemente registrada.

8 – FAZER O TEST DRIVE

jac j3 test drive

Fazer test drive não é frescura, é obrigação.

Para modelos zero quilômetro, fazer o teste de rodagem é altamente recomendável. Para modelos seminovos ou usados, a prática se mostra obrigatória para a detecção de possíveis problemas mecânicos. Longe de ser uma frescura, ele previne o comprador potencial de muitos problemas e arrependimentos posteriores.

Quando se trata de um modelo zero quilômetro, o qual exige um desembolso mais vultoso, o motorista deve buscar maior nível de exigência. Dado que os compradores de veículos novos tendem a permanecer mais tempo com o seu exemplar – média de cinco anos, ante três dos proprietários de seminovos – deve-se buscar o modelo com o qual haja melhor entrosamento homem/máquina. Assim, o test drive se mostra altamente recomendável.

Para unidades de segunda mão, um teste de rodagem com o veículo se mostra absolutamente obrigatório. Principalmente se estiver fora da garantia de fábrica e/ou ter manutenção cara e complexa.

Apenas em poucos casos pode-se conhecer em detalhes o histórico completo do automóvel, por isso exigindo uma inspeção mecânica, eletrônica e de chassis mais minuciosa. Cada modelo usado é único, para o bem e para o mal, e o comprador se livra de muita dor de cabeça ao observar cuidados simples. Como fazer o test drive em todos os exemplares a avaliar.

A BUSCA PELA MELHOR RELAÇÃO PREÇO/VALOR

Para um veículo apresentar boa qualidade, não basta ser bonito, potente, equipado e confortável. Acima de tudo, ele precisa apresentar boa construção, segurança e baixo nível de emissão de poluentes. Estes são as qualidades fundamentais de um automóvel de valor, das quais não se pode abrir mão.

Cumpridos estes requisitos, as preferências individuais podem ser exercidas com maior liberdade, desde que se compreenda os impactos financeiros, de reparabilidade e de  mercado de cada modelo. Para os consumidores despreocupados com a revenda, cientes de eventuais custos de manutenção, seguro e com disposição para despender tempo, dinheiro e trabalho para manter o veículo, não há objeção. O foco reside em evitar más surpresas pela falta de conhecimento de alguns percalços daquele automóvel.

A mensagem final deste artigo é muito clara: comprar o modelo mais carro não garante boa qualidade. Preço é o que você paga, valor é o que você leva. Estes oito requisitos detalham os carros de valor para o consumidor. O preço a ser pago fica por conta do bolso de cada cliente.

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